Ouça no link abaixo entrevista do produtor musical Zuza Homem de Mello no programa Via Sampa, da Rádio USP (93,7 MHz), transmitida ao vivo no dia 18 de fevereiro, sobre o show de lançamento do CD Copacabana: Um mergulho nos Amores Fracassados, que ocorrerá nesta sexta-feira e no sábado, dias 28 e 29, às 21 horas, no Sesc Bom Retiro, em São Paulo.
Há três anos, no show de lançamento do livro Copacabana: A Trajetória do Samba-Canção (1929-1958), escrito a partir de pesquisas realizadas pelo musicólogo, crítico e produtor musical Zuza Homem de Mello, surgia a ideia de que ali havia material suficiente para a produção de um disco. Gravado em junho do ano passado, o álbum Copacabana: Um mergulho nos Amores Fracassados (selo Sesc) possui 14 faixas e já está disponível nas plataformas musicais de streaming. O show de lançamento do disco e sessão de autógrafos acontecem nesta sexta-feira e sábado, dias 28 e 29 de fevereiro, às 21 horas, no Sesc Bom Retiro, com a participação do próprio Zuza, que vai contar histórias das músicas e dos bastidores da gravação.
A história do samba-canção começa na década de 1920, em Copacabana, bairro carioca que concentrava a efervescência artístico-musical do Rio de Janeiro, contando com intérpretes, músicos, compositores e produtores musicais que acenavam com um novo tipo de música. Como conta Zuza, esse ritmo dominou a canção por mais de dez anos. “De 1946 a 1956, só se cantava samba-canção, muitos deles sucessos”, afirma. “Muitas pessoas não sabem, mas Tom Jobim só compunha samba-canção”, acrescenta, citando ainda outros grandes músicos da época, como Ary Barroso, Dorival Caymmi, Nelson Gonçalves, Dick Farney, Elizeth Cardoso e Dalva de Oliveira. “Além disso, o samba-canção foi a porta de entrada da bossa-nova”, completa.
Mas, até então, o samba-canção não tinha sido descrito como merecia, segundo Zuza – daí a necessidade do livro Copacabana, lançado pela Editora 34 e Edições Sesc, que narra a história desse ritmo que se confunde com a biografia do célebre bairro carioca e é considerado pela crítica como um dos melhores livros do autor. No CD nascido a partir dessa obra, estão músicas que foram esquecidas ao longo do tempo, além de grandes sucessos. A banda, a mesma do show de lançamento do livro, se repete no disco, com direção musical do violonista Ronaldo Rayol.
Zuza escolheu não só as canções mas também os intérpretes para cada uma delas. Além de Luciana Alves e Zé Luiz Mazziotti, que estavam no show original, participam Dóris Monteiro (hoje com 85 anos), cantando Fecho Meus Olhos… Vejo Você, de José Maria de Abreu, canção que ocupava o desprestigiado lado B do seu disco de estreia de 78 rotações, e Edy Star, “que interpreta uma linha mais popularesca, como Nelson Gonçalves fazia na época”, com Meu Vício é Você, de Adelino Moreira. Há também cantores novos, como Ayrton Montarroyos, nas palavras de Zuza uma grande revelação da música brasileira, além de Anna Setton, outra grande voz da atualidade. Ainda foi acrescentada uma música instrumental, Na Madrugada, de Nilo Sergio, do seminal disco de estreia do Trio Surdina e também pouco conhecida, que foi regravada no disco por Toninho Ferragutti.
O disco é um “mergulho nos amores fracassados”, característica do samba-canção, e traz ainda Copacabana, de João de Barro e Alberto Ribeiro; Sábado em Copacabana, de Dorival Caymmi; Acontece, de Cartola, Fracassos de Amor, de Tito Madi e Milton Silva, O X do Problema, de Noel Rosa, Vingança, de Lupicínio Rodrigues, Fim de Caso, de Dolores Duran, Solidão, de Tom Jobim e Alcides Fernandes, e Ocultei, de Ary Barroso. “Tanto as músicas que ficaram esquecidas quanto as que tiveram sucesso são belas canções”, afirma Zuza.
O show de lançamento do CD Copacabana: Um mergulho nos Amores Fracassados acontece nesta sexta-feira e sábado, dias 28 e 29 de fevereiro, às 21 horas, no Sesc Bom Retiro (Alameda Nothmann, 185, em São Paulo, telefone 3332-3600). Os ingressos custam R$ 40,00.