Pesquisa sobre Zika leva informações a ambiente Wiki

A Wikiversidade acaba de receber uma página especialmente voltada para docentes que desejem trabalhar com assuntos relacionados ao Zika. O material busca desconstruir boatos e senso comum, ressaltando a importância de buscar informações embasadas cientificamente. Atila Iamarino, um dos criadores da página fala ao Ciência USP sobre

 20/01/2016 - Publicado há 8 anos     Atualizado: 05/08/2019 as 9:38
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É na web que a maior parte dos internautas encontra respostas sobre temas científicos. De acordo com dados do renomado instituto americano de pesquisa Pew Research Center, até 2006 cerca de 70% dos usuários norte-americanos utilizavam a internet para suas pesquisas sobre ciência. Aqui no Brasil, dados do IBGE apontam que o número de pessoas que utilizou a Internet até 2005 foi bastante distinto em função da finalidade do acesso. No entanto, entre a população maior de 10 anos, 71,7% buscaram assuntos relacionados a educação e aprendizado.

Wikipedia é fonte mais popular de conteúdo de saúde do que o NIH e as Organizações das Nações Unidas. Fonte: Journal of Medical Internet Research

De lá para cá, a perspectiva de crescimento do número aumentou e com ele também a Wikipédia, que foi se tornando mais robusta até despontar como referência fundamental em ciência nos motores de busca e um dos dez sites mais visitados do mundo, segundo a comScore Networks Inc. Uma pesquisa da University of British Columbia, de 2015, revelou que a Wikipédia também é uma fonte mais popular para pesquisas relacionadas à saúde do que o NIH – Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. Contendo mais de 25 mil artigos sobre medicina, a Wikipedia vai deixando de ser uma ferramenta de pesquisa apenas de pacientes, mas fonte de informação para profissionais de saúde.

Outro grupo recentemente favorecido por informações científicas disponibilizadas na Web Wiki são os professores. A Wikiversidade – projeto voltado para a educação universitária na internet – acaba de receber uma página especialmente voltada para docentes que desejem trabalhar com assuntos relacionados ao Zika Vírus e à febre por Zika. O material aborda desde as origens do vírus, sintomas e prevenção até sugestão de atividades com alunos, e busca desconstruir boatos e senso comum, ressaltando a importância de buscar informações embasadas cientificamente.

Rebecca Kennison CC-BY-2.5

A página foi elaborado por alunos da disciplina “Internet no Ensino de Ciências e Biologia”, do Instituto de Biociências da USP, ministrada pelo pesquisador Atila Iamarino e pela Professora Sônia Lopes. Uma das apostas da página é encontrar informações relevantes em uma lista de boatos tratados, entre eles a utilização do Zika como arma biológica, o Pyriproxyfen como causa do surto de microcefalia e até se o vírus teria sido uma criação da família Rockfeller. E claro, usa contexto histórico, dados científicos e até revisão bibliográfica para argumentar o que é real e o que são informações falsas. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, informações falsas disseminadas na internet são uma das maiores ameaças atuais à civilização moderna – tanto quanto o terrorismo. Neste vídeo do Canal Nerdologia, Iamarino, que também é apresentador e roteirista do canal, explica de onde vêm as teorias da conspiração e como elas se espalham tão facilmente.

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Uma das primeiras informações sobre o comportamento do vírus Zika no organismo humano veio em um estudo publicado por pesquisadores brasileiros, em novembro de 2015. O paper “Propagação da linhagem pandêmica de Zika é associada a adaptação em humanos com uso de códon NS1” revelou mutações no vírus Zika e como se deu a expansão urbana recente da linhagem asiática do vírus.

Um dos autores do artigo, Iamarino conta por que estas mudanças facilitam a multiplicação do vírus e aumentam sua concentração nas células humanas. O pesquisador também comenta a relação entre a propagação do vírus no Brasil e o aumento dos casos de microcefalia.


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