Brasil precisa consolidar políticas de bem-estar social até 2060

Urbanista diz que o envelhecimento da população no futuro não justifica retirada de direitos no momento atual

 31/07/2018 - Publicado há 6 anos
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jorusp

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A população do Brasil vai continuar em crescimento até atingir 233,2 milhões de pessoas em 2047. A partir desse ano, entrará em declínio gradual chegando a 228,3 milhões em 2060, conforme expectativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesse período, 25,5% dos brasileiros terão mais de 65 anos. Assim, para cada 100 pessoas com idade de trabalhar, que é a faixa compreendida entre 15 e 64 anos, o País teria 67,2 indivíduos acima dessa idade ou abaixo de 15 anos, o que impõe grandes desafios para os governos, especialmente nas metrópoles. Para entender melhor os impactos futuros para o Brasil, o Jornal da USP no Ar conversou com o professor Nuno de Azevedo Fonseca, do Departamento de Projeto da Faculdade de Arquitetura de Urbanismo (FAU) USP, especialista em planejamento urbano.

O professor esclarece que o fenômeno citado não é novidade em países desenvolvidos, que possuem um histórico de aplicação de políticas de bem-estar social. Dessa forma, no Brasil e em outros países em desenvolvimento, o maior desafio será se adaptar a essa situação em um contexto social bem mais precário.

A respeito de um dos pontos da pesquisa do IBGE, que prevê a diminuição da população economicamente ativa daqui a 40 anos, Fonseca afirma que esse dado não pode ser usado como justificativa para aplicar medidas e decisões rigorosas a curto prazo, como reduzir benefícios sociais já conquistados.

Fonseca explica que há dois estágios de desenvolvimento capitalista de um país. O primeiro, chamado de extensivo, que tem como uma das principais características a urbanização, melhora as condições de vida e diminui a taxa de crescimento populacional, fazendo esse processo se esgotar. O segundo estágio é denominado intensivo, em que deve ocorrer a criação de políticas de bem-estar social. O professor afirma que o Brasil está na transição do primeiro para o segundo estágio há décadas, mas esse processo ainda não foi concluído.

Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.

Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93,7, em Ribeirão Preto FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular. Você pode ouvir a entrevista completa no player acima.


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