Tragédia no RS deve fazer o mercado de seguros se readaptar à nova realidade climática do País

Segundo Roberto Augusto Pfeiffer, o incidente deve abrir uma brecha para que, no futuro, as seguradoras se preparem para situações desse porte com a contratação de outras empresas de seguro, os chamados “resseguros”

 Publicado: 10/06/2024
Por
O pagamento do seguro deve ajudar a movimentar a economia e a recuperação do Estado – Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Logo da Rádio USP

A tragédia ambiental registrada no Rio Grande do Sul deixou imagens que jamais serão esquecidas. A violência das águas levou tudo o que tinha pela frente, sem que desse tempo de salvar nada, apenas a vida. As empresas seguradoras se preparam para uma das maiores indenizações do País. O professor Roberto Augusto Pfeiffer, de Direito Comercial da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, avalia que este deve ser o maior sinistro da história do Brasil. Esse tipo de incidente deve abrir uma brecha para que, no futuro, as seguradoras se preparem para situações desse porte com a contratação de outras empresas de seguro, os chamados “resseguros”. 

Vale lembrar que o Aeroporto Internacional Salgado Filho, de Porto Alegre, é privatizado e possui uma apólice global na Alemanha, com cobertura mais abrangente. A Fraport Brasil, que opera em Porto Alegre, é subsidiária de uma das empresas líderes no mercado global de aeroportos, por isso não deve ter problemas com indenizações. O aeroporto de Porto Alegre é o maior e mais movimentado aeroporto do Rio Grande do Sul e da região Sul e o nono mais movimentado do Brasil em número de passageiros transportados. 

O seguro e a recuperação do Estado

Roberto Augusto Castellanos Pfeiffer – Foto: Reprodução/FD-USP

O professor de direito orienta que o segurado deve agir ativamente. Em caso de automóvel, fazer o boletim de ocorrência para dar início ao pedido de indenização. Já com imóveis, a situação é mais complexa, porque precisa ver qual o valor de cobertura e para que tipo de dano. Por ser uma região de agronegócios, é muito comum no Rio Grande do Sul  as empresas agropecuárias, indústrias e comércios terem seguros nesse sentido. 

O pagamento do seguro deve ajudar a movimentar a economia e a recuperação do Estado, mas há também a polêmica sobre de quem é a culpa dessa enchente sem precedentes. Nesse caso, o Estado pode ter que indenizar muita gente. O pior cenário é a pessoa descobrir que sua apólice não cobre efeitos da natureza, inundações ou alagamentos.

Essa tragédia deve fazer o mercado de seguros se readaptar à nova realidade climática do País, atendendo a exigências de novas cláusulas por parte dos consumidores. A região Sul está entre os principais consumidores de seguros do Brasil, incluindo os de carro, residencial, empresas e agronegócios. No ano passado, apenas o Rio Grande do Sul registrou uma arrecadação de R$ 26 bilhões para as seguradoras, com R$ 10 bilhões de indenizações pagas.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.