Diversidade em ciência completa um ano na Rádio USP

Ricardo Alexino Ferreira – ECA

 17/06/2016 - Publicado há 9 anos     Atualizado: 23/06/2016 às 17:41

Ricardo Alexino Ferreira é professor na ECA e idealizador e apresentador do programa "Diversidade em Ciência - Foto: Marcos Santos

Ricardo Alexino Ferreira é professor na ECA e idealizador e apresentador do programa “Diversidade em Ciência” – Foto: Marcos Santos

Na contemporaneidade, as questões das diversidades étnico-sociais e direitos humanos estão presentes nos agendamentos políticos, sociais, midiáticos, dentre outros. Observando esse contexto é que surge o programa de divulgação científica de entrevistas Diversidade em Ciência, que é veiculado na Rádio USP.

Diversidade em Ciência é um programa de entrevistas radiofônico voltado exclusivamente para a divulgação científica em áreas das ciências das diversidades e direitos humanos. Ele faz parte do projeto de pesquisa Diversidade em Ciência: divulgação científica, direitos humanos e ciências das diversidades no rádio, coordenado por mim, no Departamento de Comunicações e Artes da ECA-USP.

É um projeto interdisciplinar e tem aderência com os campos científicos Midialogia Científica e Etnomidialogia e também dialoga com a extensão universitária. Ou seja, trabalha com os princípios das ciências aplicadas (nesse caso, ciências da comunicação aplicada).

Tanto o projeto quanto o programa radiofônico surgem a partir da observação da lacuna na mídia em relação à cobertura sistemática das questões das diversidades e dos direitos humanos, sob um viés de divulgação científica.

Assim, o programa inaugural do Diversidade em Ciência foi ao ar em primeiro de junho de 2015.

Diversidade em Ciência tem como formato ser jornalístico de entrevista. Por se tratar de programa de divulgação científica e voltado para a Etnomidialogia, utiliza-se do campo de estudos da Teoria Geral dos Sistemas para a sua construção, trabalhando dessa forma com contextualizações; com conexões de ideias; com localização do tema no tempo e espaço e com a síntese das argumentações gerais, que devem ser dialéticas.

Em sua estrutura, o programa é constituído também por música. A música no programa tem como papel enfatizar o tema da entrevista, buscando com isso a sua humanização e, principalmente, despertar a atenção do ouvinte.

Assim, a música não tem apenas um papel ilustrativo, mas é também mais uma narrativa da fala do entrevistado. A principal característica é a busca do diálogo possível. Tudo isso acontece em 60 minutos de veiculação de cada programa.

O programa inaugural do Diversidade em Ciência foi ao ar em primeiro de junho de 2015

Os entrevistados são especialistas, pesquisadores e cientistas que desenvolvem pesquisas no campo das ciências da diversidade (direitos humanos, questões étnico-sociais, diversidades sexuais, de gêneros, faixa etária e outras), sendo veiculado semanalmente (às segundas-feiras, às 13 horas e reapresentado aos sábados, às 14 horas) na Rádio USP (93,7 MHz/SP e Ribeirão Preto e também ao vivo pelo site http://www.radio.usp.br/?page_id=5404).

Até o presente momento foram levados ao ar 54 edições inéditas. O programa é contínuo.

A Rádio USP alcança toda a capital paulistana em um raio de cerca de 100 quilômetros, além de ter como retransmissora a cidade de Ribeirão Preto. Com isso, atinge um público amplo e diverso.

O tempo total despendido para cada programa feito (entrevista levada ao ar) é de aproximadamente seis horas de trabalho, distribuídas da seguinte forma: duas horas de preparação da pauta e do roteiro; duas horas para preparação do entrevistado e gravação da entrevista; duas horas para edição do áudio.

Todos os programas são gravados nos estúdios do Departamento de Comunicações e Artes/Educomunicação da ECA-USP e contam com profissional especializado em edição de áudio, o servidor técnico João Carlos Megale, formado em Rádio e Televisão.

Diversidade em Ciência é o resultado dessa construção de pesquisas científicas, que vem provar que o rádio pode ser um eficiente divulgador de ciências

 A criação e elaboração do Diversidade em Ciência não é aleatória. A proposição de criar um programa com o princípio de interagir ciência, diversidades e jornalismo se dá a partir de pesquisas acadêmicas que desenvolvi nas últimas décadas, envolvendo o mestrado, o doutorado e a livre-docência.

Desde 1993, com a defesa da dissertação A representação do negro em jornais no centenário da abolição da escravatura no Brasil (ECA-USP) percebi que um novo campo na área de Ciências da Comunicação se constituía, envolvendo aquilo que comecei a chamar de ciências das diversidades e direitos humanos.

Com o avanço da pesquisa de doutorado Olhares Negros: estudo de percepção crítica de afrodescendentes sobre a imprensa e outros meios de comunicação (ECA-USP, 2001), foi possível definir melhores metodologias que tivessem como interface o jornalismo e as questões da diversidade.

A consolidação dessa metodologia ocorreu na tese de livre-docência Os critérios de noticiabilidade da mídia impressa na cobertura de grupos sócio-acêntricos em abordagem etnomidialógica (ECA-USP, 2011), em que percebi que os campos das ciências das diversidades e direitos humanos tinham aderência com o jornalismo.

Porém, percebi também que não havia uma sistemática de cobertura para esse novo campo científico que surgia. Notava-se, ainda, que as coberturas envolvendo ciências das diversidades e direitos humanos eram fragmentadas, factuais e com pouca contextualização e conexão de ideias.

Ainda era uma temática mais presente na mídia impressa e quase não referida no rádio.

Diversidade em Ciência é o resultado dessa construção de pesquisas científicas, que vem provar que o rádio pode ser um eficiente divulgador de ciências, além de democratizar o pensamento científico, colocando-o de maneira acessível ao público e ligado ao cotidiano.

 


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