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Por Adriana Farias*
Uma perfuração de subsolo na Amazônia para fins científicos está acontecendo desde junho no município de Rodrigues Alves, no Acre. Os integrantes do Projeto de Perfuração Transamazônica (TADP, na sigla em inglês), composto de pesquisadores da USP e de outras instituições, pretendem alcançar 2 mil metros de profundidade em rochas e sedimentos para coletar testemunhos, que são amostras cilíndricas geológicas, da era Cenozoica – período que abrange os últimos 66 milhões de anos. A equipe perfurou até agora cerca de 900 metros coletando os testemunhos.
Para explicar o que acontece com cada amostra após ela ser retirada do subsolo amazônico e chegar à superfície, foi criado um vídeo que mostra o passo a passo do procedimento científico disponível no Canal do Instituto de Geociências (IGC) da USP, neste link. O objetivo do projeto internacional é compreender a origem e a evolução da biodiversidade da Amazônia e sua relação com o ambiente a fim de entender a história do planeta Terra na região centro-norte da América do Sul e os impactos das mudanças climáticas. Isso se dará a partir da análise das amostras geológicas, que contém microfósseis, microrganismos e outros elementos que vão revelar a história evolutiva da Amazônia.
“Os sedimentos acumulados ao longo do tempo estão organizados em camadas, que funcionam como um arquivo do passado da Amazônia”, explica o pesquisador André Sawakuchi, do Instituto de Geociências (IGc) da USP. “Esses sedimentos são detritos produzidos pelo intemperismo das rochas e transportados pelos rios até as bacias sedimentares, depressões onde os sedimentos são acumulados e transformados em rochas sedimentares ao longo do tempo. Eles guardam informações sobre o clima da América do Sul no passado, das antigas florestas, das montanhas e dos rios que existiram na Amazônia”, acrescenta.
Clique no player para conferir o vídeo:
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Projeto de Perfuração Transamazônica
O Projeto de Perfuração Transamazônica: origem e evolução das florestas, clima e hidrologia dos trópicos da América do Sul, quer descobrir como e quando se formou a Amazônia. Com uma diversidade de indicadores, tendo como material fundamental os registros de sedimentos e rochas, será possível reconstituir o passado da Amazônia desde a sua origem, e responder questões fundamentais como, por exemplo, de que forma as mudanças climáticas influenciaram a diversidade de plantas, a diversificação de espécies e a formação do rio Amazonas.
Financiado pelo International Continetal Scientific Drilling (ICDP), National Science Foundation (NSF) e Smithsonian Tropical Research Institute (STRI), envolve instituições de 11 países e 60 pesquisadores internacionais, sendo 30 sediados no Brasil. Com financiamento também da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), trata-se de um projeto temático de cinco anos vinculado ao Programa Pesquisa Fapesp sobre Mudanças Climáticas Globais e é um dos maiores programas de pesquisa já organizados para estudar a origem e evolução da Amazônia e sua relevância global.
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*Jornalista do programa de jornalismo científico da Fapesp integrado ao TADP