Publicação da USP explica fraudes de alimentos de origem animal 

As três cartilhas lançadas neste mês pela “Série Produtor Rural” são produzidas em linguagem acessível para produtores; o download é gratuito 

 18/12/2023 - Publicado há 7 meses
Cartilha da “Série Produtor Rural” traz informações aos consumidores sobre os principais tipos de fraude em alimentos de origem animal – Foto: Alex S. Araujo/Wikimedia Commons/CC by 3.0

 

A Série Produtor Rural, editada desde 1997 pela Divisão de Biblioteca da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP em Piracicaba, acaba de lançar três novos títulos: Fraude em alimentos de origem animal; Avaliando a carcaça e a carne bovina e Braquiárias: Ecofisiologia. O objetivo dessas cartilhas é publicar textos acessíveis aos produtores com temas diversificados e informações práticas, contribuindo para a extensão rural e também com o item 2 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU): Fome Zero e Agricultura Sustentável.

A primeira publicação, Fraude em alimentos de origem animal, foi lançada com o objetivo de levar informações aos consumidores sobre os principais tipos de fraude em alimentos, como carnes bovinas, ovinas e suínas, pescado, leite e mel, além de investir na educação e na ciência para que os avanços tecnológicos permitam a maior produção de alimentos seguros e metodologias sustentáveis e eficientes de detecção de fraude em alimentos. A fraude alimentar é definida como atividade ou ato de enganar o consumidor para obtenção de ganhos econômicos, sejam eles por meio da substituição, adição, diluição intencional de um alimento, matéria-prima ou a falsificação de um produto. 

Os principais tipos de fraudes praticadas em alimentos são adulteração, substituição e falsificação, sendo estas responsáveis por prejuízos financeiros na ordem de 10% do total de alimentos produzidos e distribuídos mundialmente. Estes tipos de atividade ilícita causam, ainda, prejuízos no âmbito de saúde pública uma vez que trazem riscos de ocorrência de alergias e agravamento de doenças metabólicas como diabete, hipertensão, problemas renais e cardíacos.

A fraude em produtos de origem animal preocupa o consumidor que apresenta escolhas alimentares baseadas em religião, comportamentos ou motivos de saúde. “É importante destacar que a falta de especificação da espécie animal no rótulo é motivo de preocupação, uma vez que alguns grupos religiosos consomem somente alguns tipos específicos de carnes, como, por exemplo, produtos que seguem o método Halal ou Kosher. E também coloca em perigo pessoas alérgicas, pois a espécie substituída pode apresentar um maior potencial alergênico ou não seguir determinadas escolhas alimentares (religiosas, comportamentais ou por motivo de saúde)”, segundo trecho da publicação. 

As ações governamentais voltadas para a segurança dos alimentos estão em contínua atualização de métodos de detecção e combate à fraude, em que novas tecnologias científicas são aplicadas. Com relação ao Brasil, segundo a cartilha, um marco importante quanto à fraude alimentar em carnes foi a Operação Carne Fraca, comandada pela Polícia Federal no ano de 2017.

 

Métodos de avaliação 

A segunda cartilha, Avaliando a carcaça e a carne bovina, visa a demonstrar os mais variados meios de avaliação da carcaça e da carne bovina, permitindo que, desde a produção até a mesa do consumidor, meios padronizados de avaliação permitam uma visão clara e objetiva daquilo que buscam.

No exemplar é relatado que todo alimento ao ser produzido passa por diferentes etapas de produção e processos resultando em produtos finais que podem apresentar características diferentes. Essas diferenças são importantes uma vez que afetam a qualidade e o rendimento desses produtos. A carne bovina não é diferente, pois a produção de um bovino envolve diferenças, como no sexo do animal, na raça, no tipo de alimentação fornecida, no grau de acabamento de gordura, dentre inúmeras outras características que afetam a qualidade do produto final. A cartilha orienta como avaliar as carcaças e a carne bovina de forma padronizada e reproduzível.

A última cartilha trata do potencial das braquiárias para uso agronômico,  que foi reconhecido cerca de 60 anos atrás, limitando-se, na época, a uma parcela do território australiano. Com o tempo, a utilização do gênero ganhou espaço em outros continentes, demarcando seu sucesso como planta forrageira. Nesse sentido, a grande adaptabilidade das braquiárias aos solos pobres e ácidos, sua fácil multiplicação por sementes, boa capacidade competitiva contra invasoras, aliadas ao bom desempenho animal em comparação às espécies nativas, ajudam a explicar sua rápida expansão territorial nos trópicos.

A cartilha Braquiárias: Ecofisiologia envolve um estudo relevante para pastagens, cobertura e estruturação do solo, produção de forragem, abrangendo desde a origem até estratégias para altas produções, passando pela sua classificação, propagação, desenvolvimento, efeitos de fatores ecológicos, relações hídricas, solos e nutrição, efeitos de biorreguladores, fotossíntese, florescimento e frutificação, zoneamento agroclimático e adaptações ao meio ambiente.

Das espécies cultivadas para produção animal, as dos gêneros Urochloa e Brachiaria estão entre as mais utilizadas em relação a sua distribuição, tornando-se naturalizada em todo trópico úmido e subúmido. Assim como outras gramíneas dos gêneros, a espécie foi amplamente encontrada em toda região tropical da África.

Confira a coleção completa da Série Produtor Rural neste link 


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