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Pós-Graduação da USP ouve diplomados para planejar o futuro

Respostas a questionário disponibilizado na Plataforma Alumni mostram ex-alunos de pós-graduação satisfeitos com os programas, mas que ainda é necessário vencer desafios para manter a qualidade

24/02/2021

Redação

O futuro dos cursos de pós-graduação no Brasil é muito favorável, principalmente se eles forem também considerados como uma forma de aperfeiçoamento da carreira profissional, com um papel mais amplo do que estabelecido quando da criação da pós-graduação, além da vocação de formação de professores, independentemente da área do conhecimento. Mas para esse futuro positivo no horizonte será necessário vencer alguns desafios, como o do financiamento, por exemplo, e o da elaboração de um novo plano nacional com diretrizes para os cursos, que contemple qualidade na formação e na produção. Essa é a análise do pró-reitor de Pós-Graduação da USP, professor Carlos Gilberto Carlotti Junior.

Para analisar como deve ser o futuro dos programas de pós-graduação da USP e para orientar sua gestão, o pró-reitor voltou ao passado e buscou ouvir os titulados por meio de questionário disponibilizado na plataforma Alumni. As respostas ao questionário, composto de dez perguntas relacionadas a diversos pontos da formação, experiência e trajetória profissional do titulado, foram comemoradas pelo pró-reitor. “Foram respostas extremamente positivas, com semelhança na distribuição em todas as áreas. Vemos que a maioria dos alunos está satisfeita, na grande maioria das áreas e dos programas.”

O gestor lembra que um curso de pós-graduação não termina quando o aluno recebe o título, mas sim com o impacto dele na vida profissional do diplomado e em como ele vai colaborar com a sociedade. “Por isso nosso interesse no que aconteceu com nossos ex-alunos”, afirma Carlotti Junior. 

A Pró-Reitoria fez uma análise global dos dados, já a análise individual ficará por conta dos coordenadores de programas. “Na análise conjunta não identificamos características individuais, o que é possível ser feito pelos coordenadores de programas, por isso já encaminhamos as planilhas.”

Carlos Gilberto Carlotti Junior - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Pró-reitor de Pós-Graduação, Carlos Gilberto Carlotti Jr - Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Divulgação para os pós-graduandos da USP participarem da avaliação do curso por meio da plataforma Alumni

Foram respostas extremamente positivas, com semelhança na distribuição em todas as áreas. Vemos que a maioria dos alunos está satisfeita, na grande maioria das áreas e dos programas."

Carlos Gilberto Carlotti Jr, pró-reitor de Pós-Graduação da USP

Clique no player abaixo para ouvir a entrevista do professor Carlos Gilberto Carlotti Junior ao Jornal da USP no Ar, Edição Regional

Concentração dos diplomados no Sudeste

Outro dado que chamou a atenção do gestor foi o fato de mais de 80% dos diplomados dos últimos dez anos estarem no Estado de São Paulo e nos estados vizinhos, o que difere daqueles que se titularam no início dos cursos de pós-graduação da USP, quando eles se distribuíram por todas as regiões e estados da federação. “Isso mostra uma regionalização da nossa pós-graduação, muito provavelmente associada ao aumento do número de programas criados em outros estados. Nossa preocupação agora é recuperar a condição da USP de formadora de pesquisadores e indutora da formação de núcleos de pesquisa em todos os estados do País.” 

Carlotti Junior lembra que nas respostas foi possível identificar também uma tendência de os diplomados se dedicarem à inovação. “Em algumas áreas, 10% dos que responderam já estão dedicados à inovação, ou criando startups ou participando de empresas que surgiram a partir da titulação na pós-graduação. Formar professores de ensino superior continua sendo a vocação dos programas, mas quando incorporamos outras finalidades faz mais sentido para a população financiar e manter a pós-graduação.”

Sobre esse financiamento o professor lembra que o Brasil tem vivido vários sobressaltos, com diminuição e mudanças de critérios na distribuição de bolsas. “Sem financiamento, podemos trabalhar muito, mas não vamos conseguir atingir os objetivos. A educação de forma geral não pode ser considerada gasto, mas sim um investimento. Portanto, temos que mostrar a importância da educação e da ciência e ter um financiamento estável e duradouro.” 

Números da pós-graduação na USP

Programas de

pós-graduação

270

Alunos matriculados na pós

CERCA DE

30 mil

Números de títulos de pós-graduação

150 mil

EXPO-PG virtual

Sobre a satisfação dos ex-alunos da pós-graduação, o pró-reitor cita como exemplos os depoimentos no Portal da Expo-PG, como o do consultor independente Ulrico Barini, que fez doutorado na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) entre 2004 e 2008. Com formação em Psicologia, na época era vice-presidente de Recursos Humanos de um grande banco e, mesmo com todo conhecimento prático e técnico, sentiu falta de embasamento conceitual e epistemológico para construir novas visões e modelos. Segundo ele, lacuna que conseguiu sanar a partir do doutorado, que permitiu uma visão integrada e novos conhecimentos que agregam valor ao seu background.

A Expo-PG USP foi um evento on-line, promovido no início do mês de fevereiro, pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação da USP para divulgar as atividades da Pós-Graduação da Universidade para toda a sociedade, dando a oportunidade de conhecer programas, orientadores e alunos. 

Uma plataforma para antigos alunos

O portal Alumni USP tem o intuito de reunir os antigos alunos de graduação e de pós-graduação – mestrado e doutorado. Os graduados a partir de 1974 e titulados de pós-graduação a partir de 1986 conseguirão aprovação automática no cadastro do portal. Os que estiverem fora dessa faixa serão validados pela sua unidade de origem, já que os dados dos ex- alunos diplomados antes  de 1974 e de 1986 não estão disponíveis nos bancos de dados digitais da USP.

Para a professora da Faculdade de Odontologia (FO) Marina Gallottini, coordenadora do Alumni USP, a plataforma “é um projeto inovador, uma vez que o portal não quer apenas gerar estatísticas sobre os antigos alunos, mas quer acolhê-los por meio de ferramentas atrativas, melhorar o relacionamento da USP com esse público e mostrar para a sociedade a contribuição da Universidade na formação de seus alunos”.   

Atualmente a plataforma já tem mais de 80 mil inscritos, quase a metade, de ex-alunos de pós-graduação, e por isso, para o pró-reitor Carlotti Junior, o Alumni USP não é só para encontrar amigos e procurar oportunidades, mas uma ferramenta de gestão para a Universidade. “Com a plataforma, o aluno ganha e a Universidade também.”  

Professora Marina Helena Cury Gallottini, coordenadora do Alumni USP – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Professora Marina Helena Cury Gallottini, coordenadora do Alumni USP – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

O questionário de avaliação para ex-alunos de pós-graduação está aberto e contínuo na plataforma, e a cada dois anos será estipulada uma data para análise dos dados.