Evento terá documentários sobre o tema da energia nuclear - Foto: Divulgação/Ecofalante

Mostra gratuita apresenta filmes com principais temas socioambientais da atualidade

Mais importante evento sul-americano dedicado ao tema do meio ambiente, Mostra Ecofalante pode ser acompanhada on-line, entre 11 de agosto e 14 de setembro

09/08/2021

Redação

Uma programação que reúne 101 títulos de filmes de 40 países, sendo 30 inéditos no Brasil. Vai começar a 10ª edição da Mostra Ecofalante de Cinema, o mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado às temáticas socioambientais. E o melhor disso tudo é que você pode acompanhar a programação da sua casa e sem pagar nada. Anote na agenda: a programação vai de 11 de agosto a 14 de setembro. Os filmes são disponibilizados no site da mostra www.ecofalante.org.br e também nas plataformas parceiras Belas Artes à La Carte e Spcine Play

A Ecofalante é uma organização da sociedade civil que atua nas áreas de cultura, educação e sustentabilidade e que desenvolve atividades em conjunto com várias instituições, inclusive a USP, por meio do Superintendência de Gestão Ambiental (SGA). 

A cerimônia de abertura será no dia 11 de agosto, a partir das 19 horas, com a presença do diretor da Mostra Ecofalante de Cinema, Chico Guariba, e convidados. Em seguida, às 20 horas, será exibido o premiado filme O Novo Evangelho, de Milo Rau, eleito o melhor documentário no Swiss Film Awards 2021 e coproduzido entre Alemanha, Suíça e Itália. 

Sua narrativa imagina o que Jesus pregaria no século 21 com uma nova encenação da crucificação de Cristo, já filmada pelo cineasta italiano Pier Paolo Pasolini (O Evangelho Segundo São Mateus, 1964) e Mel Gibson (A Paixão de Cristo, 2004). Filmado em Matera, mesma cidade italiana onde foram produzidos esses dois longas, na obra de Milo, Jesus é interpretado por um ativista político camaronês, que defende os direitos dos trabalhadores ilegais explorados por um sistema agrícola liderado pela máfia.

Filme premiado O Novo Evangelho será exibido na Mostra Ecofalante - Foto: Divulgação/Ecofalante

Atrações internacionais e nacionais inéditas no Brasil compõem a programação da mostra. Entre os estrangeiros, destaque para os longas Jogo do Poder, de Costa-Gavras, cineasta vencedor do Oscar e do prêmio de melhor direção no Festival de Cannes – em seu novo trabalho, o diretor revela os bastidores do jogo de poder da Europa, focalizando as razões para a crise na Grécia; e a pré-estreia especial de A História do Plástico, uma coprodução EUA/Índia/Bélgica/China/Indonésia/Filipinas e dirigido por Deia Schlosberg, documentário que expõe a “verdade inconveniente” por trás da poluição do plástico, material onipresente em nossas vidas.

 Já entre os filmes nacionais, um dos destaques é a pré-estreia mundial de A Bolsa ou a Vida, mais recente trabalho do diretor Silvio Tendler. O longa propõe refletir sobre o tema “o que virá depois da pandemia?”. “É uma discussão sobre se no pós-pandemia a centralidade será no ser humano e na natureza ou no cassino financeiro”, afirma o diretor. 

A obra traz entrevistas com personalidades conhecidas, como o escritor Ailton Krenak, o padre Júlio Lancelotti, o cineasta Ken Loach, a drag queen e professora Rita von Hunty, entre outros, e com cidadãos comuns, que sentem na pele as dificuldades impostas pelo caos social. 

Entrevistas e debates

Uma série de entrevistas com personalidades ligadas aos filmes exibidos na mostra será disponibilizada ao longo da programação. Realizada em parceria com a WWF-Brasil, a série com figuras marcantes do ativismo socioambiental já tem confirmada a participação de Alessandra Munduruku, Rita e Vincent Carelli, Luiz Bolognesi, Vandana Shiva, Isael Maxakali e Sueli Maxakali, Deia Schlosberg e Marina Silva.

Também serão realizados debates virtuais, reunindo ativistas, cientistas e especialistas que discutem, entre outros temas, ativismo, biodiversidade, cidades, economia, povos e lugares, tecnologia e trabalho. No dia 21 de agosto, o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP Nabil Bonduki participa do debate Comunidade, História e o Direito à Cidade.

Os debates são sempre às quartas-feiras e sábados, às 19 horas. Todos eles e as entrevistas poderão ser acessados a partir do canal da Mostra Ecofalante no Youtube.

A Mostra Ecofalante de Cinema é viabilizada através da Lei de Incentivo à Cultura e do Programa de Apoio à Cultura (Proac). A realização é da Ecofalante, do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, do Ministério do Turismo e do governo federal.

Nabil Bonduki, professor da FAU USP participante da Mostra Ecofalante - Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

Para comemorar a 10ª edição do evento, a programação está organizada por seções. Confira alguns destaques

Panorama Internacional Contemporâneo

Traz os mais premiados filmes internacionais divididos em sete eixos temáticos: Ativismo, Biodiversidade, Cidades, Economia, Povos e Lugares, Tecnologia e Trabalho

Nesta seção, são os títulos A Nova Corporação, dirigido por Joel Bakan e Jennifer Abbott – mesmos realizadores do premiado A Corporação – revela uma nova astúcia dessas instituições: travestir-se de entidades “socialmente responsáveis”; O Capital do Século XXI, codirigido pelo economista Thomas Piketty, autor do best seller homônimo no qual o filme se inspira. 

Há ainda o documentário italiano Res Creata, de Alessandro Cattaneo, que teve sua estreia no Hot Docs, festival internacional de documentários de Toronto, e explora a relação milenar, ora conflitante, ora harmoniosa entre os seres humanos e os animais; e A Campanha Contra o Clima, de Mads Ellesøe, selecionado no IDFA–Amsterdã e CPH:DOX, que revela a campanha, patrocinada secretamente pelas maiores petroleiras do planeta, de negação da causa antrópica do aquecimento global.

Chama atenção a representação africana no evento deste ano, como a rara produção do Quênia, Softie, premiada por sua montagem em Sundance. Dirigido pelo cineasta e ativista Sam Soko, o documentário segue o percurso de um fotógrafo famoso por retratar a violência política daquele país. Outra cinematografia pouco frequente no circuito internacional, a produção de Angola Ar Condicionado, selecionada para o Festival de Roterdã, o longa de estreia de Fradique mescla realismo fantástico e crítica social. Já Morning Star é uma coprodução entre Madagascar e a Ilha da Reunião selecionada para o IDFA-Amsterdã, o mais importante festival internacional de documentários. Dirigida por Nantenaina Lova, a obra focaliza uma vila, uma comunidade e uma cultura em vias de desaparecer por conta da mineração.

Competição Latino-Americana

Reúne produções recentes de sete países da região e traz um total de 30 títulos.

A seleção de longas-metragens inclui o argentino Piedra Sola, de Alejandro Telémaco Tarraf; o mexicano 499, de Rodrigo Reyes; o venezuelano Era Uma Vez na Venezuela, de Anabel Rodríguez; além dos brasileiros Luz nos Trópicos, de Paula Gaitán; Chico Rei Entre Nós, de Joyce Prado; Edna, de Eryk Rocha; Meu Querido Supermercado, de Tali Yankelevich; Pajeú, de Pedro Diogenes; Sobradinho, de Marília Hughes e Cláudio Marques; O Índio Cor de Rosa Contra a Fera Invisível: A Peleja de Noel Nutels, de Tiago Carvalho; Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: Essa Terra é Nossa!, de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero; Mata, de Fábio Nascimento e Ingrid Fadnes; e Território Suape, de Cecilia da Fonte, Laercio Portella e Marcelo Pedroso. 

Completam a seleção curtas-metragens da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru.

Especial Energia Nuclear 35 Anos de Chernobyl, 10 Anos de Fukushima

A Mostra Ecofalante de Cinema preparou uma seleção de documentários produzidos nos últimos anos que abordam os grandes desastres nucleares de Chernobyl, ocorrido na Ucrânia, em 1986, e de Fukushima, no Japão, em 2011. 

São cinco obras realizadas entre 2006 e 2020 que alertam para os perigos da energia nuclear. A seção procura trazer uma discussão sobre essa alternativa de energia em tempos de emergência climática. Entre os títulos está o documentário multipremiado O Desastre de Chernobyl, dirigido pelo cineasta francês Thomas Johnson, que revisita o – até então – maior acidente nuclear, ocorrido no coração da Europa, e o documentário inédito alemão Nuclear Forever, de Carsten Rau, que documenta o processo delicado de desmantelamento de uma planta nuclear do seu país, seguindo o projeto de tornar a Alemanha livre de energia nuclear até 2022.

Programa Especial Territórios Urbanos: Segregação, Violência e Resistência

Uma retrospectiva de obras brasileiras produzidas a partir de 1999 assinadas por nomes como João Moreira Salles e Maria Augusta Ramos e que tratam da realidade urbana do País. 

Inéditas na Mostra Ecofalante, essas obras são de nomes como João Moreira Salles (Notícias de Uma Guerra Particular), Maria Augusta Ramos (Futuro Junho), Paulo Caldas e Marcelo Luna (O Rap do Pequeno Príncipe Contra as Almas Sebosas), Kiko Goifman (Atos dos Homens), Eliane Caffé (Era O Hotel Cambridge), Evaldo Mocarzel (À Margem da Imagem), Adirley Queirós (Branco Sai, Preto Fica), Cristiano Burlan (Mataram Meu Irmão), Gabriel Mascaro (Um Lugar ao Sol), Natasha Neri e Lula Carvalho (Auto de Resistência), João Sodré, Maíra Buhler e Paulo Pastorelo (Elevado 3.5). 

Também há obras de uma nova e promissora geração de cineastas brasileiros como Affonso Uchoa (A Vizinhança do Tigre), Alice Riff (Meu Corpo é Político), Pedro Rocha (Corpo Delito) e Camila de Moraes (O Caso do Homem Errado). A mostra exibe ainda em primeira mão a nova remasterização do clássico O Prisioneiro da Grade de Ferro (Autorretratos), de Paulo Sacramento.

Concurso Curta Ecofalante

Esta seção reúne filmes de curta duração realizados por estudantes brasileiros. Dez produções concorrem ao prêmio de melhor filme e ao prêmio do público. Nesta edição, que tem apoio da WWF-Brasil, os filmes inscritos precisavam abordar temáticas relacionadas a pelo menos um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU na Agenda 2030 – são 17 objetivos que abrangem temas como erradicação da pobreza, saúde de qualidade, combate às mudanças climáticas e igualdade de gênero.

Saiba mais em: www.ecofalante.org.br