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A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP emitiu nesta terça, dia 29 de agosto, um comunicado em homenagem ao arquiteto e pioneiro do design gráfico brasileiro, João Carlos Cauduro. Ele morreu no último dia 23 de agosto, aos 88 anos.
Foi aluno e professor da FAU na disciplina de Planejamento Visual Urbano, e fundou em 1964 a Cauduro Associados, ao lado do arquiteto Ludovico Martino, responsável pela criação de mais de mil marcas para empresas brasileiras, entre elas a do Metrô de São Paulo e a sinalização da Avenida Paulista.
Confira o comunicado da FAU e, a seguir, uma breve biografia:
“A FAU lamenta a perda de João Carlos Cauduro, ex-aluno e professor notável dessa casa. Arquiteto e designer gráfico, Cauduro teve uma trajetória muito destacada e seminal para os rumos do design moderno em São Paulo e no Brasil.
Em sua sociedade com Ludovico Martino, desenharam identidades corporativas e públicas relevantes, acompanhadas de complexos sistemas de aplicação das marcas. Dentre muitos exemplos importantes, desenharam todo o projeto de sinalização do Zoológico de São Paulo, do Metrô da cidade e da Avenida Paulista, com seus totens verticais coloridos (hoje, infelizmente, só restaram os pretos) acompanhados de todo o mobiliário urbano feito de fibra, como pontos de ônibus e bancas de jornal. Os arquivos dessa produção fazem hoje parte, para nosso orgulho, do acervo da FAU.
O design de Cauduro não fazia concessões a improvisos ou expressionismos. Rigoroso, contido e funcional, encontrou na família tipográfica Univers sua mais perfeita expressão. Essa faculdade agradece sua vida, e homenageia o seu legado”.
Sobre João Carlos Cauduro
João Carlos Cauduro nasceu em São Paulo em 1935. Foi arquiteto, designer gráfico e professor, considerado uma das grandes referências brasileiras no campo do design brasileiro, e pioneiro no denominado Design Total. Ingressou como aluno na FAU em 1954, e formou-se em 1960. Durante a graduação foi contratado pelos arquitetos Joaquim Guedes (1932-2008) e Carlos Millan (1927-1964) e, ao final, ganhou uma bolsa para estudar desenho industrial em Florença, na Itália. Durante essa experiência, divulgou a exposição portátil sobre a capital recém-inaugurada, Brasília, e conheceu Le Corbusier e Tomas Maldonado, figuras importantes da arquitetura moderna e do design.
Retornou ao Brasil em 1962, e abriu seu próprio escritório na cidade de São Paulo. Em 1963, passou a trabalhar com o designer Karl Heinz Bergmiller, com quem projetou parte do mobiliário da Cidade Universitária da USP e os elementos de desenho industrial da exposição sobre a hidrelétrica de Urubupungá, trabalho cuja parte gráfica é realizada por Ludovico Martino e João Xavier. Com a ida de Bergmiller ao Rio de Janeiro, foi firmada em 1964 a sociedade entre Cauduro e Martino, com o nome de Cauduro Martino Arquitetos Associados. Em 1970, Marco Antonio Amaral Rezende também passou a ser sócio do escritório.
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Cauduro e Martino realizaram trabalhos, da década de 1960 a de 1980, que visavam à ideia do design total – somatória de habilidades projetuais, que pensa a intervenção e a criação da identidade do espaço -, seja de uma avenida ou empresa, de maneira sistêmica.
Cauduro e Martino realizaram uma série de trabalhos na cidade de São Paulo, como a comunicação visual do Metrô da cidade (1967), do Zoológico (1972), da Avenida Paulista (1973) e da rede de transportes públicos da capital paulista (1974). Também compuseram a identidade visual do Banespa (1975) e da Companhia Energética de São Paulo – Cesp (1977).
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O trabalho dos arquitetos teve abrangência nacional, com o projeto de identidade visual da TV Cultura (1968), e fora do Brasil, atuando junto ao arquiteto Guillermo Gonzalez Ruiz (1937) para desenvolver o sistema de sinalização do Metrô de Buenos Aires (1981).
A partir de 1980, o escritório desenvolve outros projetos para empresas privadas, como o caso da Kibon, do Playcenter e da Natura, com trabalhos sempre fiéis aos conceitos construtivistas, primando pela geometria e precisão dos símbolos e logotipos, explicando que não é possível pensar a marca de maneira segmentada.
O trabalho do escritório durou 48 anos, sendo responsável por mais de mil marcas para empresas e órgãos públicos.
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Com informações da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP
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