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Sala da Faculdade de Direito da USP reformada pelo projeto Adote uma Sala Fotos: Renata Castilho / FD
Ex-alunos “adotam salas” e ajudam a modernizar prédio histórico da USP
Programa da Faculdade de Direito, em São Paulo, permite adequar salas de aulas do edifício do Largo São Francisco
18/03/2021
Assim surgiu o programa Adote uma Sala, uma ação que permite a antigos alunos – por meio de suas turmas, escritórios ou empresas – adotarem um espaço para ser reformado, requalificando e o mantendo por um período.
Segundo o diretor da FD, professor Floriano de Azevedo Marques Neto, a ideia é preparar a SanFran, como é conhecida a faculdade, para o desafio educacional do século 21, deixando o edifício mais bem equipado e com mais conforto. “Dessa forma, preparamos a faculdade para os 200 anos de fundação que vão ocorrer em 2027”, assinala. O segundo plano é resgatar o vínculo entre os antigos alunos e a faculdade. “Todos aqueles que aqui estudaram têm muito carinho pelas Arcadas”, acrescenta.
Floriano de Azevedo Marques Neto, diretor da Faculdade de Direito da USP - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens
Números do Adote uma Sala
26
salas fazem parte do projeto
6
salas já estão reformadas
5 salas estão prontas para iniciar as obras
apenas aguardando sinal verde do Conpresp e do Condephaat
7 salas estão com doações já comprometidas
Já foram investidos
R$ 1,8 milhão
no programa Adote uma Sala
Ao todo, estima-se um custo de
R$ 8,5 milhões
para a refoma das salas
As salas da SanFran
O prédio histórico onde está a Faculdade de Direito da USP é uma construção de 11 mil metros quadrados de área, com quatro pavimentos, um térreo e três andares. As salas de aula estão no térreo, no segundo e no terceiro pavimentos. Cada uma das salas recebe o nome de ilustres ex-alunos, como João Mendes Júnior, Alcântara Machado e Miguel Reale. Há ainda a Sala Francisco Morato, mais conhecida como a famosa e histórica “Sala dos Estudantes”, utilizada como auditório pelos acadêmicos e destinado a eventos (debates políticos, conferências, cursos, teatro etc.)
A requalificação e melhora das dependências têm, entre outras salas reformadas, a Ada Pellegrini Grinover, primeira mulher a ter o nome grafado nas dependências da FD, a dos Estudantes, que teve participação direta dos alunos nas discussões para as melhorias, a Luiz Gama e a Alexandre Corrêa.
“Da experiência, ficou a feliz possibilidade de um reencontro, uma volta às raízes, um resgate de um sentimento de pertencimento a esta casa. Fica, também, a contribuição com a melhora na qualidade do ensino para os alunos de hoje e para os futuros alunos da casa”, conta Cristina Parizotto, que fez parte da comissão do programa Adote uma Classe da Turma de 1990. Coube aos egressos cuidar da Sala Alcântara Machado.
Essa sensação de ser parte da história somada à de dar exemplo às gerações futuras está expressa no entusiasmo do advogado Antonio Celso Fonseca Pugliese, que contribuiu para a reforma da Sala dos Estudantes. “Cada vez que um grupo de ex-alunos se une e apoia um projeto como esse, acredito que a gente cria um elo com as novas gerações, que podem se espelhar nesse tipo de atitude para construir uma faculdade cada vez melhor”, diz.
Fachada do prédio da Faculdade de Direito – Foto: Cecília Bastos/ USP Imagens
Na mesma direção, o professor Maurício Zanoide de Moraes (Direito Processual Penal) explica que a reforma da Sala dos Estudantes teve ampla participação dos alunos. “É um espaço que todos que foram estudantes do Largo São Francisco têm profundo carinho e suas histórias vividas aqui. Foi muito grata a receptividade que tivemos de todos os amigos para ajudar nessa reforma.”
O advogado José Roberto Manesco, sócio do escritório Manesco, Ramires, Perez, Azevedo Marques, encampou a arrecadação para a reforma da Sala Alexandre A. Corrêa. “Faço aqui uma exortação para que todos os antigos alunos, de alguma maneira, contribuam para que nossa gloriosa faculdade seja cada vez mais moderna, mais atuante, formando os melhores quadros da advocacia do País”, destaca.
Sala reformada Dutra Rodrigues - Foto: Renata Castilho / FD
Sala reformada Ada Pellegrini Grinover - Foto: Renata Castilho / FD
Sala dos Estudantes reformada, visão em dois ângulos - Fotos: Renata Castilho / FD
Marcas do pioneirismo
Engajado na proposta desde antes de sua gestão como diretor da Faculdade de Direito da USP (2014-2018), o professor titular José Rogério Cruz e Tucci (Direito Processual Civil) esteve à frente da reforma de salas como a Conselheiro Ribas e Luiz Gama.
De acordo com Tucci, era aspiração dos antigos alunos procurar uma forma de restaurar e organizar as velhas salas de aulas do Largo São Francisco. “À época, além da dificuldade de se obter recursos financeiros, havia um obstáculo maior pelo fato de o prédio histórico ser tombado pelo Condephaat [Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico].”
Coube ao professor Paulo Lucon, de Direito Processual Civil, a responsabilidade de liderar os associados do Instituto Brasileiro de Direito Processual na captação de recursos e administração da obra da Sala Ada Pellegrini Grinover. Ele contou com a ajuda de André Orthmann e Isabela Tondin. Eles destacam que, para além de ter um espaço renovado, para realização das mais diversas discussões jurídicas, foi o primeiro local a receber o nome de uma professora da casa.
São muitos os egressos da Faculdade de Direito da USP que contribuem. A turma de ex-alunos reuniu mais de 120 colaboradores, organizados por um grupo com a participação de Nathalie Kiste Malveiro, Raquel Barbosa e Theotônio Monteiro de Barros. “Temos a oportunidade de deixar um pedacinho da gente aqui na nossa velha, mas sempre vanguardista academia”, assinalam.
Nome na entrada da Sala Ada Pellegrini Grinover, primeiro local a receber o nome de uma professora da Faculdade de Direito - Fotos: Renata Castilho / FD e Francisco Emolo/USP Imagens
Faça parte da história
Para participar do programa é muito simples. Quem tiver interesse deve mandar e-mail para fd@usp.br. Por esse canal, poderá se informar quais são os caminhos.
A diretoria da SanFran tem um pré-estudo pronto, com orçamento de valor estimado para as próximas reformas. Todas no plano de requalificação do patrimônio histórico. Ou seja, estão dentro do Plano Diretor de Preservação.
A etapa seguinte é o envio de termo de oferta da doação. O projeto é regulamentado pelas normas da USP e da FD. Além disso, todo o processo é aprovado pelo Conselho Técnico Administrativo. O plano diretor de restauro da Faculdade de Direito, segundo o arquiteto e urbanista Marcio Coelho, é discutido junto aos órgãos de preservação responsáveis tanto do município quanto do Estado de São Paulo.
Mais informações: e-mail fd@usp.br
Texto adaptado da Assessoria de Comunicação da Faculdade de Direito da USP