A pandemia do coronavírus acarretou uma valorização ainda maior das tecnologias na área da saúde, como alternativas para enfrentar a crise sanitária. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor Chi-Nan Pai, do Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos (PMR) da Escola Politécnica da USP, dá um panorama sobre a área da engenharia biomédica, que está à frente do desenvolvimento dessas tecnologias.
“É comum as pessoas encontrarem a engenharia biomédica como uma ramificação da engenharia elétrica. Mas de umas duas décadas para cá, as outras engenharias começaram também a ter aplicações na área da engenharia biomédica. Hoje, a engenharia biomédica é a aplicação do conhecimento de todas as áreas de engenharia na área de biomedicina”, explica o professor. Assim, as aplicações não se restringem somente à área da medicina, mas se estendem também para a fisioterapia, terapia ocupacional ou veterinária.
Multidisciplinaridade
Mesmo antes da pandemia, a área já vinha ganhando enorme reconhecimento. Professores de engenharia naval e engenharia civil da Escola Politécnica da USP trabalharam em uma proposta de pesquisa para desenvolver uma infraestrutura móvel de UTI. “Esse é o projeto que acompanho desde o ano passado e que poderia trazer muitos benefícios hoje, mas as pessoas não tiveram a mesma visão dos professores e não investiram no projeto”, diz.
Chi-Nan Pai menciona ainda uma disciplina chamada Modelos de Sistemas Biológicos que se atém, principalmente, a modelagem de sistemas biológicos e que poderia estudar o comportamento do coronavírus. “Se não sabemos como o vírus se comporta, fica difícil criar uma estratégia para combater a doença. Conseguindo criar um modelo, pode-se criar melhores estratégias para combatê-lo”, afirma. Além disso, os conhecimentos poderiam ser aplicados também na área da agricultura, para o combate de pragas, por exemplo.
Na Escola Politécnica da USP, há a possibilidade de cursar módulos optativos, incluindo um focado para engenharia biomédica. No final do curso e do módulo, o engenheiro consegue o registro com a habilitação para a área. Todas essas possibilidades podem ser desperdiçadas por conta da falta de investimento em pesquisa no País. “Se você não tem investimento do governo, se você não é estimulado, o mercado de trabalho fica comprometido. A engenharia biomédica está em ascensão no País e no exterior por causa das startups. Neste momento, é muito bom para o mercado brasileiro, para quem quer trabalhar com essa área, pensar nessa possibilidade”, finaliza.
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