![](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/20171020_00_Debate_Candidato_Reitor.jpg)
.
Na quinta-feira, 19 de outubro, foi realizado em São Paulo o terceiro e último debate público organizado pela Comissão Eleitoral entre os candidatos à Reitoria da USP. Mediado pela repórter especial do jornal O Estado de S. Paulo, Renata Cafardo, o encontro foi transmitido ao vivo pelo IPTV USP e pelo canal no YouTube da Superintendência de Tecnologia da Informação (STI) e pode ser assistido na íntegra pelo link.
Professores, funcionários e, principalmente, alunos lotaram o auditório da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP. O público pôde formular perguntas por escrito, compiladas pela mediadora, que as dividiu em quatro principais temas: a situação do Hospital Universitário (HU), localizado na Cidade Universitária, em São Paulo, propostas para o desequilíbrio financeiro da Universidade, permanência estudantil e as creches.
Sobre o HU, o primeiro a responder foi Vahan Agopyan, da Chapa 1, que prometeu a permanência acadêmica e científica do hospital na USP e afirmou que os funcionários não serão demitidos, mas ressaltou que os governos municipal, estadual e federal devem arcar com os custos dos atendimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no local.
“O Hospital Universitário é imprescindível para o ensino da USP, nossos residentes precisam do HU. O que não é correto é a USP, com recursos para ensino e pesquisa, ter que manter o atendimento da população da zona oeste. Precisamos lutar por mais recursos do Estado de forma direta no hospital e compartilhar os gastos com quem deve”, disse o candidato.
Ricardo Terra, da Chapa 4, indicou que o hospital poderia ser passado ao governo do Estado de São Paulo, para coordenação administrativa, e a USP seria responsável pela gestão do ensino e pesquisa, ao fazer um paralelo com a situação dos Hospitais das Clínicas de São Paulo e Ribeirão Preto.
“Por maneira populista, falar que vamos pedir dinheiro ao governo estadual é fácil. Mas na situação atual, como vai ser o ICMS para o orçamento da USP no ano que vem? A USP não pode resolver sozinha o problema da situação da saúde brasileira.”
Ildo Sauer, da Chapa 3, lembrou que o HU foi criado há 35 anos para suprir uma lacuna de ensino e pesquisa dos estudantes da Universidade na área da saúde, mas que, ao longo do tempo, acabou assumindo o papel de atendimento à população que cabe ao SUS.
“A solução é estabelecer o diálogo com os governos municipal, estadual e federal e buscar o apoio de movimentos comunitários para reestruturar o HU, além de manter o ensino e a pesquisa. Também é preciso cobrar a responsabilidade do governo federal.”
Para Maria Arminda do Nascimento Arruda, da Chapa 2, se o hospital tem problemas de custos – atualmente, cerca de 6% do orçamento da USP é destinado ao HU – a solução não estaria na transferência ou fechamento do local.
“Temos que buscar parcerias com entidades públicas para que participem do financiamento. Como instituição pública, a Universidade tem o dever de ser parceira da sociedade. Se há custo, ele deve ser negociado.”
![](https://jornal.usp.br/wp-content/plugins/advanced-wp-columns/assets/js/plugins/views/img/1x1-pixel.png)
.
![](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/20171020_02_Debate_Candidato_Reitor.jpg)
![](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/20171020_05_Debate_Candidato_Reitor.jpg)
![](https://jornal.usp.br/wp-content/plugins/advanced-wp-columns/assets/js/plugins/views/img/1x1-pixel.png)
.
![](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/20171020_04_Debate_Candidato_Reitor.jpg)
![](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/20171020_03_Debate_Candidato_Reitor.jpg)
.
Situação financeira da USP
Tema que predominou nos debates em São Carlos e Ribeirão Preto, as contas da Universidade e a busca de novas fontes de financiamento foram o segundo questionamento levado aos candidatos. Maria Arminda lembrou que a crise não é apenas da USP, mas das demais universidades públicas paulistas e envolve também a situação econômica brasileira. Afirmou que a busca por equilíbrio financeiro não pode ser a atividade-fim da Universidade.
“O fim de uma instituição de ensino é a qualidade de sua formação, pesquisa, seu patrimônio humano, a diversidade. Para que seja garantido, naturalmente, é preciso buscar equilíbrio orçamentário, mas ele não pode ser o fim.” Para a candidata, o financiamento fundamental da universidade deve ser público. “Precisamos ter serenidade e repactuar nossas relações”, concluiu.
Na sequência, Agopyan apontou três fatores que provocaram a situação de desequilíbrio financeiro: o crescimento da Universidade, gastos excessivos na gestão anterior e a redução do ICMS a partir de 2014. O candidato afirmou que, com as medidas adotadas nos últimos quatro anos, a USP superou um dos seus maiores desafios, e que, se eleito, solicitará a alteração da porcentagem de repasse do ICMS à Universidade.
“Fizemos coisas importantes que não aparecem, por exemplo, a solução da crise hídrica, que é um projeto USP. Além de não receber reconhecimento, não recebemos retribuição. Estamos propondo conseguir mais recursos, não apenas pedindo, mas mostrando que podemos ajudar diversos órgãos governamentais e, com isso, ter a sua devida retribuição.”
.
![](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/20171020_01_Debate_Candidato_Reitor.jpg)
.
Em sua resposta, Terra criticou decisões da gestão anterior, com base nas análises do livro Universidade em Movimento. O candidato a vice-reitor Albérico Borges Ferreira da Silva falou sobre a realidade que a próxima gestão enfrentará, sem reservas financeiras e com a perspectiva de uma reforma tributária, além do comprometimento orçamentário já previsto.
“Acreditamos que dá para começar a conversar com as unidades sobre a questão das reposições. Com o pé no chão, porque nós temos também que deixar algo para construir pouco a pouco as reservas.” O professor afirmou que a ideia da chapa é estabelecer um diálogo com as unidades para entender às demandas e realidades de cada uma.
Sauer defendeu que é preciso garantir a sustentabilidade financeira da USP e que a forma como a sociedade paulista enxerga a instituição é o que dá respaldo nesse tema. Criticou a ausência de diálogo com o governo estadual e falou sobre a expansão da Universidade, lembrando da criação da USP na zona leste, em Lorena e do curso de Medicina em Bauru.
“Novas fontes de recursos devem e podem ser buscadas, mas nunca quando comprometam o caráter público da Universidade. E há muitas fontes para isso. Projetos de pesquisa e desenvolvimento com recursos pagos pelos consumidores de energia elétrica, da área de petróleo, que são volumosos no Brasil, podem ajudar a reduzir nossos custos”, afirmou.
A questão da permanência estudantil, que já havia sido mencionada na fala de alguns candidatos ao comentarem a aprovação da reserva de vagas na USP, foi o tema da terceira rodada de respostas. Por fim, o último tema do debate entre os candidatos foram as creches mantidas pela USP, que atendem filhos de funcionários e docentes da Universidade.
Após as considerações finais das chapas, um grupo de alunos da Faculdade de Medicina da USP da capital subiu ao palco e, por meio da representante do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz, fez uma fala em defesa do Hospital Universitário.
Eleição será dia 30 de outubro
As eleições ocorrem no próximo dia 30 de outubro. A votação, da qual participam apenas os membros da Assembleia Universitária, definirá a lista tríplice a partir da qual o governador do Estado de São Paulo nomeará o reitor e o vice-reitor para os próximos quatro anos. No dia 23 de outubro, será realizada a consulta à comunidade universitária sobre a escolha dos novos dirigentes da Universidade.
Além dos debates organizados pela Comissão Eleitoral, os candidatos têm participado de encontros nas diversas unidades da USP e também foram entrevistados pela Rádio USP. Ouça os programas com os candidatos Ildo Sauer, Vahan Agopyan, Maria Arminda e Ricardo Terra.