Alunos de engenharia criam novo conceito de serra de bancada usada na construção civil

Os trabalhos ocorreram em parceria com uma empresa. Os alunos enfrentaram um desafio idêntico aos que os engenheiros vivenciam na prática

 05/07/2016 - Publicado há 8 anos
Alunos da disciplina | Foto: Keite Marques
Alunos da disciplina | Foto: Keite Marques

Na busca de novas diretrizes para o ensino, a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP vem firmando cada vez mais em sua estrutura curricular projetos que colocam os alunos mais próximos da realidade que vão enfrentar depois de formados. “Na engenharia, os problemas da vida real são complexos, difusos e com mais restrições do que qualquer problema ou caso descrito em livro ou teoria”, destacou o professor da EESC, Daniel Capaldo Amaral.

No início de junho, alunos do curso de Engenharia de Produção apresentaram seus trabalhos finais da disciplina de Ergonomia, ministrada pela professora Janaina Mascarenhas Hornos da Costa, sob o desafio de criar um novo conceito para a serra de bancada usada na construção civil.

Amaral, que acompanhou os alunos em grande parte do desenvolvimento dos projetos, explicou que o principal objetivo do desafio foi criar soluções inovadoras para os componentes da serra, “capazes de contribuir para o bem-estar, segurança e diminuir esforço físico e cognitivo dos trabalhadores, contribuindo para prevenção de acidentes e doenças ocupacionais”, explicou.

Os trabalhos ocorreram em parceria com a empresa Forjaria Brasileira de Metais, localizada em São Carlos, responsável pela fabricação da coifa de proteção da serra e, em breve, da bancada. “Atualmente temos uma parte pequena do projeto e desejávamos a solução completa, que inclui a bancada, o sistema de coleta de pó, a proteção de dispositivo de segurança e a frenagem de serra, para vender uma solução integral ou fragmentada”, disse o diretor presidente da empresa, Wilson Silvestre Vidal.

Desafio real

Os alunos enfrentaram um desafio idêntico aos que os engenheiros vivenciam na prática. “Eles tiveram que atender também às demandas, especificidades e desejos dos fabricantes e de empresas que compram e alugam esses equipamentos para as construtoras. Além disso, tiveram restrições de tempo, recursos, preço, materiais, logística e tantos outros que acontecem em um projeto real”, comentou o Amaral.

No total, oito equipes participaram do desafio durante o primeiro semestre. Os grupos também receberam a orientação do professor para a validação dos conceitos e a colaboração dos alunos de pós-graduação para concepção dos protótipos.

“A competição foi muito acirrada; as soluções foram muito criativas e muito bem executadas, o que não é nada simples realizar. As equipes conseguiram produzir e testar excelentes protótipos dentro dos padrões, e até melhor do que se vê nas melhores faculdades de engenharia do mundo. Foi excepcional”, destacou o docente.

No dia das apresentações, cada grupo realizou um ‘pitch’ (uma rápida exibição que mostra as principais ideias para um produto) de 20 minutos. Ao final, a banca avaliadora – formada por professores e os representantes da empresa – examinou e decidiu o melhor conceito apresentado. Em primeiro lugar ficou a equipe Criação, em segundo a equipe ABSD e em terceiro ficaram empatadas as equipes Dinós e USPTech. “Certamente, a decisão se deu em detalhes, pois as pontuações foram muito próximas. As soluções de engenharia são assim: pequenos detalhes contam como parte do encanto dessa profissão”, comentou Amaral.

Parceria empresa-universidade

De acordo com o diretor geral da empresa, Ivan Vidal, já existia o interesse de firmar uma parceria com a EESC, pois em um primeiro contato o professor Amaral apresentou um leque de opções para a interação, sendo que essa disciplina seria uma delas. “O resultado foi sensacional porque podemos utilizar uma série de ideias que foram desenvolvidas em curto prazo e que demoraríamos muito mais tempo se fôssemos desenvolver. Agora iremos fazer com que nosso produto, que hoje é obsoleto no mercado, torne-se um produto inovador, ao invés de copiarmos o concorrente líder de mercado”, explicou.

Segundo Amaral, é muito importante para a Universidade firmar parcerias com empresas para favorecer e aumentar o aprendizado dos alunos. “As parcerias conseguem motivá-los de maneira muito significativa, e motivação é o primeiro passo para o sucesso em qualquer processo educacional. O segundo aspecto é quanto à missão da Universidade. Somos uma universidade pública e é nosso dever ajudar as empresas”, relatou.

Keite Marques / Assessoria de Comunicação da EESC


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