Mundo vive epidemia de alergia

30% da população mundial tem algum tipo de alergia, doença diretamente associada ao anticorpo IgE, descoberto há 50 anos.

 25/04/2017 - Publicado há 8 anos     Atualizado: 12/05/2017 às 10:36
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Foto: Vladimir Tasca

O Saúde sem Complicações desta semana entrevista a professora Luisa Karla de Paula Arruda (foto), do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, especialista em alergia.

A professora fala sobre a epidemia de doença no mundo, onde 2 bilhões de pessoas sofrem de algum tipo de alergia, ou seja, 30% da população. No dia 29 de abril comemora-se o Dia da Imunologia, que marca os 50 anos de descobrimento do anticorpo IgE (sigla de Imunoglobulina E), que tem papel importante na imunidade e está associado a grande maioria das doenças alérgicas. As pessoas alérgicas, normalmente, têm os níveis de IgE aumentados.

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Para a professora é importante comemorar o Dia da Imunologia, pois essa é a base das nossas defesas contra microorganismos. Nossas respostas contra tumores, doenças autoimunes, transplantes, base do entendimento de muitas doenças. O sistema imune, diz a professora, é responsável por manter o organismo harmônico e equilibrado, saudável, em vigilância para sobreviver.  “A IgE foi a última imunoglobulina descoberta. Ela se apresenta em quantidade muito pequena, em relação as outras imunoglobulinas, mesmo quando está em níveis altos, por isso foi a última a ser identificada”.

Ainda, segundo Luisa Karla, entre as doenças mais frequentes relacionadas ao sistema imunológica estão as alergias. “Ela ocorre quando a pessoa reage mais a determinadas substâncias ou componentes ou, ainda, a elementos que normalmente não causam problemas em quem não é alérgico. Como, por exemplo, naqueles que têm contato com ácaros”. A professora diz que é comum se pensar que a alergia ocorre por deficiência do sistema imune, mas não é. “Ao contrário, a alergia é um aumento a reatividade àquelas substâncias que em alguns não causam nada”.

A origem das alergias ainda é desconhecida, mas uma das teorias é que elas evoluíram a partir de infecções parasitárias.  Mas, não é comprovado, segundo a especialista.

Sobre o aumento das alergias respiratórias no outono e inverno, a professora lembrou que a principal delas é a renite alérgica, que atinge cerca de 35% das pessoas no Brasil e é agravada por resfriados nesse período. Ainda, nesse período a asma também tem um aumento de incidência muito grande. No Brasil atinge em torno de 20% das crianças e adolescentes e o país está entre os que tem os índices mais altos do mundo. A professora, no entanto, diz que é importante diferenciar asma de bronquite.

Dermatite e Urticária

Outros dois tipos de alergia bastante frequente, citados pela professora são: a dermatite e a urticária. Urticárias, normalmente, são placas elevadas, avermelhadas e bem delimitadas, normalmente chamadas de vergões. Luisa lembra que as urticárias têm causas pontuais como, por exemplo, após comer camarão, ou por remédios, como dipirona e ibuprofeno. “Essas são formas agudas, que respondem bem a tratamentos”.

Já a dermatite, diz a especialista, é um tipo diferente, aparece em locais preferenciais, como dobrinhas, pescoço, joelho, descama e na fase aguda pode formar vesículas. “A dermatite é uma doença de criança pequena, e sempre aparece na forma crônica e é recidivante, ou seja, sempre reaparece, mesmo depois de tratada. As características são: pele muito grossa e espessada e também, piora no outono e inverno, por isso a importância da hidratação da pele nesse período.

A professora diz que estados emocionais têm papel importante como desencadeante de alergias, mas não é a causa, principal, não faz parte da gênese do problema.  Conclui alertando que os quadros mais temerosos de alergias são: a anafilaxia, reação aguda e grave, a forma mais extrema de  alergia sistêmica.

 

Por Rosemeire Talamone


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