“Nas vésperas do aniversário de 100 anos da Semana de Arte Moderna, é impossível não abordarmos esse evento histórico que é um verdadeiro mito”, comenta Martin Grossmann em sua coluna Na Cultura, o Centro Está Em Toda Parte, na Rádio USP (clique e ouça o player acima).
Para Grossmann, é inegável o valor do movimento ocorrido no então Theatro Municipal, de 13 a 18 de fevereiro de 1922. “É vital que a crítica esteja presente nessas comemorações. As instituições culturais da cidade de São Paulo, em sua grande maioria, programaram exposições, eventos e seminários. A própria USP formou uma comissão para promover esse debate em suas instâncias culturais e acadêmicas.”
Grossmann lembra a primeira grande exposição revisionista na cidade. “Foi organizada pelas curadoras Aracy Amaral e Regina Teixeira de Barros, a convite do MAM-SP, ainda no ano passado, de setembro a dezembro, com o nome Moderno Onde? Moderno Quando?.”
Com a mesma lógica historicista, Grossmann destaca a mostra Era Uma Vez o Moderno, resultado da parceria do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo e do Centro Cultural Fiesp (CCF). A curadoria é do professor e pesquisador Luiz Armando Bagolin, do IEB/USP, e do historiador Fabrício Reiner.
Era Uma Vez o Moderno considera como marco inicial a primeira exposição individual de arte moderna realizada em São Paulo em 1910, com obras da artista alemã imigrante Emma Voss, e se estende até início dos anos 1940, quando os principais artistas e articuladores da arte moderna em São Paulo deixam de operar coletivamente, em grande parte desmotivados diante da escalada autoritária do Estado Novo e da ditadura Vargas, observa Grossmann. “Em meados do século passado, o Modernismo foi apropriado pela história oficial, constituindo-se em matriz cultural de uma jovem nação, fato amplamente explorado por esta coluna de rádio. Praticamente, o mesmo eixo temporal-histórico organiza as mostras Moderno Onde? Moderno Quando? e Era uma Vez o Moderno, que merece destaque aqui, pois cria uma dinâmica expositiva diferenciada ao investir nas relações humanas, tendo como epicentro o grupo dos cinco, formado pelas artistas Anita Malfatti e Tarsila do Amaral e pelos escritores Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade e Mário de Andrade. Soma-se a esse seleto grupo outros importantes nomes de nosso Modernismo, como Manuel Bandeira e Di Cavalcanti.”
Era uma Vez o Moderno está em cartaz na Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp até o dia 29 de maio de 2022. “Ao dispor conjuntamente obras de arte, textos, documentos e depoimentos verbalizados e dramatizados por avatares digitais em sinergia direta com a presença do visitante, a exposição propõe uma dinâmica expositiva singular e poderosa.”
Na Cultura, o Centro está em Toda Parte
A coluna Na Cultura o Centro está em Toda Parte, com o professor Martin Grossmann, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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