Parte da Universidade de São Paulo desde 1963, o Museu do Ipiranga foi pensado ainda no Império, e foi construído apenas na República Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

No Bicentenário da Independência, Museu do Ipiranga reabre, valorizando a história

As exposições provisórias e o acervo fixo foram repensados e planejados a fim de contar a história não a partir de figuras históricas, mas, sim, de modo crítico

 06/09/2022 - Publicado há 2 anos

Autor: Redação

Arte: Guilherme Castro

Após nove anos fechado, o Museu do Ipiranga finalmente reabre suas portas nesta terça-feira (6) em evento para autoridades. Desde 2013, o museu passa por uma restauração e uma reforma, a fim de proporcionar maior acessibilidade aos visitantes, que poderão retornar ao museu na quinta-feira (8). 

A reinauguração foi planejada para o Bicentenário da Independência, comemorado amanhã (7). Como parte das celebrações, o Museu do Ipiranga receberá alunos de escolas públicas e os trabalhadores que, nos últimos nove anos, tornaram realidade o projeto ambicioso de modernização e restauração do edifício-monumento e de todo seu acervo. 

Nos próximos dois meses, a entrada será gratuita e mediante agendamento prévio pelo site www.museudoipiranga.org.br. Os ingressos estão esgotados no momento e o museu está funcionando com capacidade reduzida, cenário que irá mudar até o final do ano.

O Museu

Parte da Universidade de São Paulo desde 1963, o Museu do Ipiranga foi pensado ainda no Império, e foi construído apenas na República. O edifício-monumento se encontra no complexo do Parque da Independência e, junto ao Museu Republicano Convenção de Itu, constitui o Museu Paulista da USP, órgão gestor dessas duas instituições. 

Rosaria Ono, atual diretora do museu, explica que, além do projeto arquitetônico, existe o projeto museográfico. “Nós temos um corpo docente de cinco professores (…) que formam a equipe curatorial. Os curadores prepararam as exposições com base nas pesquisas envolvidas pelo Museu Paulista (…) que deram origem às 12 exposições que foram planejadas justamente pelos docentes do museu”, explica a diretora.

O museu mais antigo de São Paulo conta com um acervo de mais de 450 mil peças, entre obras de arte e artigos do dia a dia, datados dos séculos 17 ao 20. A partir do projeto curatorial, o acervo foi dividido em duas exposições permanentes: Para Entender o Brasil e Para Entender o Museu. 

Para Entender o Brasil conta com seis eixos: uma história do Brasil, passados imaginários, territórios em disputa, mundos do trabalho, casas e coisas, a cidade vista de cima. Já Para Entender o Museu é separada pelas quatro etapas da curadoria:  para entender o museu; coletar: imagens e objetos; catalogar: moedas e medalhas; conservar: brinquedos; e comunicar: louças. 

Rosaria Ono - Foto: Arquivo pessoal

Rosaria Ono - Foto: Arquivo pessoal

As 11 exposições permanentes duram de três a cinco anos e, além dessas, abre em novembro uma exposição temporária focada especialmente no Bicentenário da Independência: “Nós teremos uma exposição temporária que vai abrir em novembro exatamente sobre a Independência e que não foi possível abrir neste momento por causa do pequeno atraso das obras”, completa Rosaria. A duração é de quatro meses. 

A reforma em duas etapas

O projeto do Novo Museu do Ipiranga, segundo a diretora, contou com duas etapas: a primeira, que contou com o diagnóstico, retirada do acervo para a reserva técnica e planejamento, durou de 2013 a 2018, quando o projeto foi detalhado. A segunda, começando a partir de 2019, contou com o processo de levantamento de custos e captação de recursos, além do início das obras. “Apesar de todas as dificuldades, nós tivemos que vencer muitos obstáculos para chegar agora com a entrega deste museu, que vai ocorrer então nesta semana”, lembra Rosaria. 

Com a reforma, o museu passa a ter 13.400 metros quadrados de área - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Mesmo com o aumento do preço dos materiais de construção por conta da pandemia do novo coronavírus, o projeto conseguiu sair do papel. Além da restauração do acervo e modernização do monumento, o museu agora conta com uma nova área expositiva, construída no subsolo da parte frontal do edifício: “Na verdade, respeitou toda a questão do nosso patrimônio histórico, que é o próprio edifício, e respeitou a paisagem urbana do local onde ele está instalado, que também é tombado”, explica a diretora.

Com a reforma, o museu passa a ter 13.400 metros quadrados de área – o dobro da anterior –, mais de 40 alas expositivas, um novo mirante com visão de 360° da cidade de São Paulo e um auditório que comporta 200 pessoas. 

Outro aspecto inovador do Novo Museu do Ipiranga é a acessibilidade e inclusão, dois parâmetros adotados já no início do projeto: “Mais de 300 recursos de acessibilidade e recursos materiais que foram introduzidos, recursos de libra, braile, uma série de formas de comunicação para garantir maior acessibilidade com a inclusão das pessoas com deficiência e para maior acesso”.

Em parceria com a Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (Fusp), todo o processo contou com a força-tarefa estadual e federal, com R$ 235 milhões captados a partir da Lei de Incentivo à Cultura e o apoio de diversas empresas privadas.  

Repensando a história de forma crítica

Diferentemente de outras gestões e antigos projetos curatoriais, as exposições provisórias e o acervo fixo foram repensados e planejados a fim de contar a história não a partir de figuras históricas, mas, sim, de modo crítico. Por meio de peças históricas, um dos objetivos do Novo Museu do Ipiranga é dar visibilidade a uma maior parcela da população brasileira, além de deixar claro que não existe apenas uma versão da história. 


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