Ditadura de Lukashenko torna-se dia a dia mais insustentável

Colunista acredita que o aumento das manifestações, a falta de apoio de parte dos militares e da Rússia tornam a situação do ditador cada vez mais precária

 21/08/2020 - Publicado há 4 anos

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Na coluna Conflito e Diálogo desta semana, Marília Fiorillo discute a intensificação dos protestos na Bielorrússia. Para a colunista, as manifestações pacíficas, a recusa de uma parte dos militares em brutalizar a população e a falta de apoio da Rússia na repressão aos protestos colocam o ditador Lukashenko em situação precária.

Segundo Marília, os protestos que acontecem no país pela queda do ditador Lukashenko se intensificaram. Trabalhadores de fábricas estatais se juntaram às milhares de pessoas nas ruas, entraram em greve e receberam Lukashenko com vaias, jovens militares queimaram seus uniformes, jornalistas aderiram às manifestações e algumas redes de TV foram cercadas por manifestantes que pediam para serem mostrados nas ruas, isto porque os provedores de internet chegaram a ser desligados para censurar as redes sociais. “Apesar disso, o ditador se mantém intransigente. Nesta terça-feira (18), pela terceira vez, ligou para o presidente russo, Vladimir Putin, pedindo socorro, isto é, ajuda militar para intensificar a repressão. Putin o informou que consultaria a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês Emmanuel Macron para tomar qualquer decisão, portanto, um banho de água fria.”

A colunista acredita que uma invasão militar russa em prol do ditador é pouco provável, porque a Putin não interessa criar conflito com os bielorrussos: “Temos, então, três fatores que tornam muito precária a situação do ditador: um levante popular como jamais houve, uma parcela dos militares recusando-se a brutalizar a população e, talvez o mais significativo, nenhum interesse de Putin em fazer o papel antipático e desgastante de interventor”. 

Marília finaliza com crítica a uma parcela de esquerdistas: “Espanta que certa autointitulada esquerda considere a revolução pacífica da Bielorrússia como obra de agentes capitalistas infiltrados, um repeteco mal ajambrado do que se dizia, erradamente, em 1956, quando as tropas soviéticas massacraram a revolução húngara, que também tinha começado pacificamente. Se o avanço da extrema-direita pelo mundo é assustador, posições retrógradas e desinformadas de certa esquerda são lamentáveis e contraproducentes”.


Conflito e Diálogo
A coluna Conflito e Diálogo, com a professora Marília Fiorillo, vai ao ar quinzenalmente sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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