O ano de 2022 começou com muitas chuvas e os problemas delas derivados. O fenômeno conhecido como La Niña está provocando alterações climáticas, que afetam principalmente as regiões Sudeste e Nordeste. Deslizamentos de terras em Franco da Rocha causaram dezenas de mortes, atingindo diretamente as pessoas menos favorecidas. Para Paulo Saldiva, um dos motivos da tragédia é o descontrole no uso e ocupação do solo, “a deterioração econômica de nossa população faz com que os que menos têm vão morar onde haja mais riscos, muitas vezes até sob a liderança do crime organizado, que organiza essas ocupações irregulares”.
Por outro lado, há trabalhos já de décadas que mostram a vulnerabilidade climática das metrópoles brasileiras, mapeando as áreas de risco e de deslizamentos a partir das previsões climáticas e da história do uso e ocupação do solo nas grandes metrópoles brasileiras. Segundo Saldiva, a solução para esse problema não é fácil e vai ter de se gastar muito dinheiro para corrigir algo que já deveria ter sido resolvido no passado. “As nossas cidades representam uma variedade de temas e de problemas a serem resolvidos, mas a gente pode prever com segurança que as alterações climáticas e as consequências desses desajustes e imprevisibilidade sobre como vai ser nosso tempo, nossa chuva, nossa provisão de água vão fazer parte, cada vez mais, da nossa rotina. Nós temos, de um lado, carência de água nos reservatórios e excesso de água nas áreas de risco”, diz ele, acrescentando que faz muita falta um projeto mais consciente e organizado de desenvolvimento urbano.
Saúde e Meio Ambiente
A coluna Saúde e Meio Ambiente, com o professor Paulo Saldiva, vai ao ar toda segunda-feira às 8h, quinzenalmente, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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