Nascido em 1940, Edson Arantes do Nascimento chegou à Copa do Mundo, na Suécia, com apenas 17 anos. “Foi quando Pelé surgiu para o futebol mundial”, destaca o historiador Fernando José Lourenço Filho. Ele é autor do estudo de mestrado Tornar-se Pelé: a ascensão de um jovem jogador negro no futebol brasileiro, apresentado na Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e que teve a orientação do professor Flavio de Campos. Na entrevista desta quinta-feira (1) no podcast Os Novos Cientistas, o historiador falou sobre seu estudo aos jornalistas Roxane Ré e Antonio Carlos Quinto.
O pesquisador destacou que o recorte para seu estudo compreendeu a época da chegada de Pelé ao Santos Futebol Clube até à Copa do Mundo de 1958, q1uando se tornou conhecido mundialmente. “Analisei algumas publicações, como jornais e revistas, principalmente do Rio de Janeiro e São Paulo e analisei como as mídias da época tratavam o jogador”, contou. Segundo o historiador, os jornais começaram a mudar de ideia quando o Brasil viu nascer um prodígio na Copa do Mundo. Com apenas 17 anos, Pelé tornou-se o jogador mais jovem a marcar gol em uma final de Copa – e marcou não só um, mas dois gols naquele Brasil x Suécia.
“Falar de Pelé, um jovem negro em início de carreira, e cuja figura ocupou um papel de destaque no imaginário brasileiro na segunda metade do século 20, é também falar sobre os significados de ser negro em uma sociedade estruturalmente racista, como é a brasileira”, justificou Lourenço Filho. “Também busquei, além disso, compreender como esta mesma sociedade trata estes indivíduos negros que ascendem socialmente.” A figura de Pelé cristalizou o espírito do Brasil da época, que era – e ainda é – um país apaixonado pelo esporte e pelo futebol. “E se tudo isso ainda por cima fosse pouco, ele se tornou a personificação do esporte mais popular do planeta”.
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