Após a associação da vacina conhecida como Oxford/AstraZeneca com casos de trombose e a suspensão de seu uso em grávidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), uma imensa quantidade de fake news surgiu associando o uso dessa vacina a casos de trombose, assustando e desinformando ainda mais a população. No podcast Fake News Não Pod, a acadêmica Laura Colete Cunha esclarece quais são os fatos sobre essa associação e por que você não deve temer a vacina que irá lhe proteger contra a covid-19.
A renomada revista americana The New England Journal of Medicine foi a primeira a descrever cinco casos de pessoas que receberam a vacina AstraZeneca e que apresentaram quadros clínicos associados à trombose, em um intervalo entre sete e dez dias após a imunização. Posteriormente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) investigou os casos e caracterizou esse evento adverso como a síndrome de trombose com trombocitopenia, ou seja, um quadro em que há a formação de trombos, que podem obstruir veias e artérias, e de redução do número de plaquetas, componente do sangue que participa do processo de coagulação.
O mecanismo da síndrome ainda não foi completamente esclarecido, porém, foi encontrado no sangue de pacientes com suspeita da síndrome anticorpos anti-PF4, fator presente nas plaquetas, o que pode induzir à trombocitopenia e a um estado de hipercoagulabilidade do sangue.
Contudo, a síndrome é extremamente rara, as estimativas do Reino Unido demonstram que a chance de desenvolver a síndrome é de 1 a cada 250 mil, ou seja, inferior a 0,01%, enquanto as chances de desenvolver trombose durante a infecção da covid-19 é de cerca de 17%. Portanto, os benefícios da vacina superam em muito os riscos. Vacinas, assim como outros medicamentos, são passíveis de contraindicações e reações adversas. Infelizmente, o processo de desenvolvimento não é personalizado, o que pode acarretar efeitos não esperados em alguns indivíduos.
A vacina é segura, não deixe de se vacinar, proteja a si e a toda a sociedade.
Fake News não Pod
Produção: Vydia Academics, Pretty Much Science (PMScience),
Projeto: João Fake News (bit.ly/JoaoFakeNews).
Roteirista e apresentadora: Laura Colete Cunha
Coprodução e Edição: Rádio USP Ribeirão Preto
Coordenação: Rosemeire Talamone
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