Espagne – O desejo de reviver o modelo das relações franco-brasileiras das décadas de 1930 e 1940 representa uma oportunidade fantástica que deve ser aproveitada. Não apenas porque as explorações realizadas podem ser completadas, mas também porque é difícil imaginar uma cultura tão isolada que não seja afetada por qualquer transferência, e cada cenário de caso permite a extensão de um modelo teórico que pode ser aplicado posteriormente a outros campos. As investigações sobre transferências culturais, que se originaram no contexto franco-alemão, foram estendidas de várias maneiras na Rússia (Academia de Ciências, Universidade de Ciências Humanas de Moscou), que é em grande parte herdeira da ciência alemã e que, por sua vez, foi reformulada. Também foram desenvolvidos programas com a China (Universidade Fudan em Xangai, Academia de Ciências), a qual, quando vista em detalhes, é mais um caldeirão do que um monólito etnocêntrico. O modelo foi aplicado ao Vietnã (Universidade Normal de Hanói), um exemplo de território nascido da reversão de importações feitas em um contexto colonial. O Brasil esteve na origem das reflexões sobre o que são as transferências culturais, que determinam em grande parte sua história. E, agora, a Universidade de São Paulo oferece, junto com o IRL, “Mundos em transição” (o autor faz referência ao International Research Laboratory, instalado pelo CNRS na USP), cujo nome já é um programa e tanto, uma oportunidade fantástica para jovens pesquisadores brasileiros e franceses retomarem a tocha dos pesquisadores das décadas de 1930 e 1940 com mais recursos.
*Estagiária sob supervisão de Moisés Dorado