Um evento on-line, organizado pelo Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Escola Politécnica (Poli), celebrou os 50 anos do primeiro circuito integrado projetado no Brasil.
“Não é pouco comemorarmos as cinco décadas do primeiro circuito integrado feito no Brasil. Em ocasiões como essa, sentimos o orgulho do que essa escola pode fazer, do que a USP pode fazer para o desenvolvimento econômico e tecnológico do País e para o bem-estar da nossa sociedade. Apoiar o desenvolvimento da indústria faz parte da missão da Poli, e hoje celebramos o cumprimento dessa missão”, afirmou a diretora da Poli, Liedi Legi Bariani Bernucci, na abertura do evento.
O primeiro circuito integrado brasileiro foi projetado em 1971, pelo professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Poli, João Antonio Zuffo.
“Nesta cerimônia, além de comemorar esse grande feito acadêmico, que colocou o Brasil no seleto clube dos países que dominam essa tecnologia no mundo, também estamos homenageando um professor que deixou marcas permanentes na Poli e na USP. Após décadas de dedicação, Zuffo continua sendo uma escola de conhecimento, criando gerações de pesquisadores dedicados a essa área de pesquisa”, lembrou o reitor Vahan Agopyan.
Pioneirismo
“Na década de 1970, o Brasil era forte na área de física de estado sólido, e eu queria dirigir parte desses pesquisadores para a área da microeletrônica. Eu sonhava com pequenos laboratórios, em várias universidades brasileiras, para criar aqui uma comunidade capaz de desenvolver uma indústria mais sólida”, explicou o professor João Antonio Zuffo.
Além de contar um pouco de sua trajetória profissional e das circunstâncias em que foi desenvolvido o circuito integrado, Zuffo também falou sobre a importância da pesquisa científica para o desenvolvimento de um país. “A educação é a base. Se um país tem educação, as outras coisas florescem como flores em um prado. Infelizmente, o Brasil não dá a importância necessária para a área científica e tecnológica, como outros países, e isso é realmente uma tristeza”, explica o professor.
A cerimônia também contou com vídeos de pesquisadores como Jacobus Willibrordus Swart (Unicamp), Paulo Roberto Tosta (ex-diretor da Finep) e José Goldemberg (ex-reitor da USP).
Assista, a seguir, à íntegra do evento 50 anos do chip brasileiro:
50 anos do chip brasileiro
Há 50 anos, em 1971, a Escola Politécnica desenvolveu o primeiro chip da América Latina. A criação pioneira do circuito integrado marca a trajetória do Laboratório de Microeletrônica (LME), fundado em 1968. Posteriormente, com a incorporação do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI), a tecnologia foi aperfeiçoada para incorporar processadores, máquinas de calcular, supercomputadores e realidade virtual.
Em 1979, O LME passou a desenvolver circuitos integrados em múltiplas camadas, usando material refratário com componentes como molibdênio e tungstênio. Assim, os chips se tornaram mais sofisticados. Posteriormente, na década de 1990, a partir de financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), os pesquisadores investiram na criação de supercomputadores com componentes paralelos, utilizando hipersistemas integrados. Junto a isso, desenvolveram também a realidade virtual.