Exposição retrata múltiplas formas de pensar o desenho

Até 1º de setembro, Espaço das Artes da USP apresenta obras que analisam o desenho como conceito e prática

 17/08/2023 - Publicado há 11 meses

Texto: Adrielly Kilryann*

Arte: Gabriela Varão**

Desenhos, Rotas e Rasgaduras está aberta para visitação de segunda a sexta-feira, das 9 às 20 horas, no Espaço das Artes da USP, na Cidade Universitária - Foto: Cecília Bastos/Jornal da USP

Desenhos, Rotas e Rasgaduras estão presentes na nova exposição do Espaço das Artes (EdA) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, na Cidade Universitária, em São Paulo. Até 1º de setembro, é possível conferir a arte produzida pelos dez participantes do Grupo de Estudos Rotas do Desenho, grupo de pesquisa do Departamento de Artes Plásticas (CAP) da ECA. A entrada é grátis. 

O Grupo de Estudos Rotas do Desenho foi formado em 2020, sob a coordenação do professor Claudio Mubarac, da ECA. Desde então, os integrantes realizam encontros regulares para discutir e pensar o desenho como objeto de estudo. Desenhos, Rotas e Rasgaduras é resultado de quatro anos de pesquisas e análises sobre a arte, feitas pelo grupo em reuniões promovidas ao longo daquele período. “A ideia do grupo é estudar o desenho de maneira muito ampla, aberta e muito experimental”, comenta Mubarac.

 

O professor conta que a ideia de montar uma exposição com os resultados dos encontros surgiu ao longo desse processo. Os encontros, impulsionados por leituras e contribuições sugeridas pelos membros do grupo, incluíram um ciclo de apresentações do trabalho que cada um deles estava desenvolvendo, do ponto de vista tanto das preocupações teóricas quanto do trabalho plástico em si. 

Luiz Claudio Mubarac - Foto: Arquivo Pessoal

O professor Claudio Mubarac - Foto: Arquivo pessoal

Além da exposição no EdA – que apresenta 16 obras –, o grupo também está desenvolvendo um livro no qual cada integrante desenvolve o seu próprio ensaio visual e/ou escrito. “É uma forma de deixarmos uma memória de tudo aquilo que, em comum, estudamos, e daquilo que cada um particularmente utilizou para se deter mais profundamente”, expõe Mubarac.

No Espaço das Artes, três salas interligadas expõem o trabalho dos artistas. À entrada, os visitantes dispõem de um folheto que enumera as coleções de 1 a 10, sinalizando as localizações das obras de cada autor e as respectivas fichas técnicas. O folheto também inclui outras informações sobre a exposição, como o texto de apresentação escrito por Claudio Mubarac e detalhes sobre a visitação.

O desenho como conceito e prática

“O desenho parece ser, da forma como estamos vivendo e convivendo hoje, uma prática diária de descoberta que leva cada artista a poder aprofundar, através da própria prática, o caminho que ele vai escolher.” É o que reflete a doutora em Artes Visuais Lívia Gabbai, que apresenta na exposição Épura (2010-2020), seu trabalho de computação gráfica desenvolvido durante os seus anos de doutorado.

Gabbai explica que Épura é resultado de uma pesquisa que desenvolveu ao longo de décadas. A formação em Cinema pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), concluída em 1997, e o contato com as imagens computadorizadas da época inspiraram a artista a desenvolver o filme de 25 minutos de duração. “Animação, para mim, para além dos estudos e das técnicas, significa procurar experimentalmente fazer visualidades animadas que me interessam a partir dos assuntos que eu gosto”, expõe a artista, que ressalta a arquitetura, a fotografia, o noir, o expressionismo alemão, a câmera obscura e a gravura em metal como referências para a construção do trabalho.

Para a artista, o desenho vai muito além do papel e do ato de desenhar em si. Diferentes técnicas, como a gravura em metal, a pintura, as peças tridimensionais e as esculturas, são apenas algumas das outras formas com que o artista pode se envolver e ampliar as suas relações com o desenho. “Nós vamos estabelecendo relações entre os nossos trabalhos e as técnicas que escolhemos, e daí as transformações vão ocorrendo”, relata Gabbai. “O desenho é uma constante busca de estar por vir alguma realização, sempre levando em conta que isso precisa ser materializado.”

O pensamento é observado também através de Sinais e Sombras: Peças (2017-2023), obra da pós-doutoranda em Artes Visuais Paula Escobar Gabbai, irmã de Lívia. O conjunto de peças utiliza aço carbono, gesso, madeira, concreto e tecido em sua composição, e foi concebido no ateliê de serralheria da ECA, com a colaboração de Olavo José da Silva. A artista explica que, em seu trabalho, entende a gravura em metal e a construção tridimensional como duas atividades complementares. “Gosto de trabalhar a partir da reflexão da construção em cada etapa, da observação à oficina, e da observação das etapas de construção dessas peças”, comenta.

Os dez integrantes do Grupo de Estudos Rotas do Desenho incluem desde alunos da graduação até doutorandos. São eles: Nina Guedes, Mirella Marino, Arturo Gamero, Antônia Perrone, Raquel de Sá, Paula Escobar Gabbai, Lívia Gabbai, Gabriela Giannotti, Marcia Cymbalista e o professor Claudio Mubarac.

A exposição Desenhos, Rotas e Rasgaduras fica em cartaz até 1º de setembro, de segunda a sexta-feira, das 9 às 20 horas, no Espaço das Artes da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP (Rua da Praça do Relógio, 160, Cidade Universitária, São Paulo). Entrada gratuita. Mais informações estão disponíveis no site da ECA.

*Estagiária sob orientação de Roberto C. G. Castro

**Estagiária sob orientação de Moisés Dorado


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