A partir desta quinta-feira, dia 8, às 14 horas, o público poderá conferir, na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP, a exposição Tipografia Paulistana: os Primeiros 100 Anos de Impressão na Cidade de São Paulo.
A mostra foi produzida sob coordenação da professora Priscila Lena Farias, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, e da professora Jade Samara Piaia, da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (Faac) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), que realizou estágio de pós-doutorado com o projeto O Repertório Tipográfico da Tipografia Hennies: Contribuições para a Memória Gráfica Paulistana, na FAU, sob supervisão da professora Priscila.
A curadoria partiu do acervo da BBM e envolveu materiais abrigados em outras instituições, como Museu Paulista, Museu Republicano Convenção de Itu, Arquivo Geral da USP, Arquivo Público do Estado de São Paulo e Oficina Tipográfica São Paulo.
A intenção desse trabalho é apresentar a memória gráfica paulistana, voltada para estudantes, pesquisadores, historiadores, comunicadores, jornalistas e demais interessados na preservação da cultura material, no patrimônio tipográfico e na história da tipografia paulistana.
Segundo Jade Piaia e Priscila Farias, as obras que estarão presentes na mostra foram compostas e impressas em oficinas tipográficas instaladas na capital a partir de 1827, revelando detalhes das técnicas e do repertório tipográfico então disponível. A seleção privilegiou oficinas tipográficas importantes por seu pioneirismo ou por sua produção, destacando obras, empresas e profissionais já conhecidos e outros com potencial para fomentar novas pesquisas.
Cada um dos acervos dos quais partiu a curadoria desse trabalho abriga obras importantes para a história da tipografia paulistana. Dos materiais preservados pela BBM, Jade e Priscila destacam a primeira edição do jornal O Farol Paulistano, que inaugurou a impressão com tipos móveis em São Paulo, em 1827; um folheto impresso em 1848 pela Typographia de Viúva Sobral, empresa paulistana pioneira chefiada por uma mulher; e a sexta edição dos almanaques comerciais publicados por Jorge Seckler (Almanach da Provincia de São Paulo, para o Ano de 1888), a mais longa série de almanaques desse tipo publicada na cidade.
Em relação aos demais acervos, as coordenadoras da exposição citam o almanaque comercial produzido em 1868 pela Typographia Imparcial de Marques & Irmão, os impressores do Correio Paulistano, um Indicador impresso por Jorge Seckler em 1878; o Almanak de Piracicaba para 1900, impresso pela Typographia Hennies Irmãos (Museu Republicano Convenção de Itu); etiquetas para livros da Duprat & Cia, que pertenceu a Raymundo Duprat, segundo prefeito da cidade de São Paulo (Arquivo Público do Estado de São Paulo); tipos móveis de metal e de madeira e artefatos usados para composição e impressão tipográfica (Oficina Tipográfica São Paulo).
A linha do tempo que integra a exposição mostra a distribuição cronológica das mais de 370 oficinas tipográficas atuantes no período, com destaque para as mais longevas e as que têm obras expostas. Algumas poucas obras que extrapolam o recorte temporal foram integradas à exposição pela relevância no contexto, como algumas obras do impressor Elvino Pocai e exemplares do jornal O Clarim da Alvorada.
Segundo as coordenadoras da mostra, a exposição é uma ótima oportunidade para o público de todas as idades: aos mais jovens, nascidos na era digital, os artefatos e processos de impressão do séculos 19 e 20 causam surpresa; às gerações anteriores, a memória gráfica pode resgatar lembranças afetivas.
A iniciativa de curadoria e organização da exposição é fruto de uma parceria entre a FAU e a Faac da Unesp, que integrou ações de pesquisa e extensão em 2023 e 2024. As pesquisas desenvolvidas ao longo dos anos tiveram apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
A exposição Tipografia Paulistana: os Primeiros 100 Anos de Impressão na Cidade de São Paulo fica em exposição de 8 de agosto a 9 de outubro, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18h30, na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP (Rua da Biblioteca, 21, Cidade Universitária, em São Paulo). Entrada grátis. Mais informações estão disponíveis no site da exposição.
*Estagiária sob supervisão de Eliete Viana