Para o professor, o que Weber traz de novo e é retomado por Bourdieu se encontra na demonstração dos fundamentos sociais das atividades de simbolização. No trato da religião, por exemplo, Weber tentou unir questões sobre seu papel econômico e político ao exame de seus protagonistas – sacerdotes, profetas e leigos – compreendidos como integrantes dos aparelhos institucionalizados de produção da própria religião. Com isso, a teoria weberiana apareceria como o paradigma sociológico da composição social de qualquer elemento da cultura.
É, portanto, com a contribuição de Weber que Bourdieu amarra suas reflexões sobre a cultura, superando as faltas que sente tanto no pensamento de Durkheim quanto na tradição marxista. “Não basta refinar o modelo canônico ao remeter de pronto os símbolos aos interesses materiais e ideais das classes e grupos”, aponta Miceli. “Como passo preliminar, cumpre investigar os processos de produção simbólica para o qual concorrem, de modo incontornável, os agentes produtores das instituições e instâncias do campo simbólico”.
Dito de outra forma e retomando a metáfora bélica, na arena da cultura não basta conhecer as motivações dos Senhores da Guerra: é preciso decifrar os planos de batalha e esquadrinhar cada espaço do teatro de operações nos quais os exércitos se confrontam com suas espadas, baionetas ou drones.
A força do sentido, de Sergio Miceli, Editora Perspectiva, 96 páginas, R$ 42,40.