Com o início oficial do verão no Brasil neste sábado (21/12), o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP divulgou uma análise sobre a primavera de 2024 e as perspectivas para os próximos meses. A estação, que marca o retorno das chuvas regulares em grande parte do País, trouxe alívio em algumas regiões, mas manteve um cenário de seca preocupante, segundo o professor Luiz Felippe Gozzo, no Boletim Climatológico Mensal, fruto da parceria entre a Rádio USP Ribeirão e o Grupo de Estudos Climáticos (Grec) do Departamento de Ciências Atmosféricas do IAG, com apresentação de Ferraz Junior.
Embora as chuvas tenham retornado de forma mais consistente, o período de setembro a novembro registrou precipitações abaixo da média em quase todo o Brasil. A situação foi mais severa na região Norte, onde a seca já perdura há mais de um ano. O Mato Grosso do Sul, por exemplo, enfrentou o nível mais baixo do rio Paraguai nos últimos 124 anos, atingido em novembro. No Sudeste, a primavera teve acumulados próximos à média histórica, interrompendo a queda nos níveis dos reservatórios e permitindo uma leve recuperação. Contudo, os volumes hídricos permanecem abaixo do ideal, com cerca de 40% da capacidade no início de dezembro, número inferior ao registrado no mesmo período do ano passado.
Verão 2025: Menos chuva e calor moderado
Com a chegada do verão, espera-se um aumento no volume de chuvas em grande parte do Brasil. No entanto, a previsão aponta para precipitações ligeiramente abaixo da média no Centro-Oeste, Sul e interior do Sudeste. Já em Santa Catarina, Paraná e na faixa leste do Sudeste, os temporais típicos da estação devem ocorrer, com volumes dentro da normalidade.
Nas regiões Norte e Nordeste, a escassez de chuvas tende a se intensificar, agravando ainda mais as condições de seca. Segundo o professor, o Oceano Atlântico Norte, mais quente que o habitual, prejudicará o transporte de umidade para o interior do continente. A Floresta Amazônica, outra importante fonte de umidade, também enfrentará dificuldades devido à previsão de menos evapotranspiração.
Embora o fenômeno La Niña costume trazer mais chuvas para a Amazônia, sua intensidade fraca prevista para este verão não deve compensar os efeitos do aquecimento do Atlântico Norte. Assim, a influência predominante será de menos precipitação em grande parte do País.
O verão deve ser mais quente que o normal, especialmente no Centro-Oeste, Nordeste e Norte. Contudo, não há expectativa de ondas de calor intensas, com temperaturas dentro do padrão típico para a estação.
Grupo de Estudos Climáticos
O Boletim Climatológico Mensal vai ao ar no último dia útil de cada mês e o Grec é composto de uma equipe multidisciplinar de pesquisadores dedicados ao estudo e monitoramento das condições climáticas e atmosféricas, tanto no Brasil quanto globalmente. Fundado com o objetivo de investigar os fenômenos climáticos e suas consequências, o Grec atua na previsão de eventos extremos, na análise de tendências climáticas e na elaboração de cenários futuros que ajudam a orientar políticas públicas e estratégias de adaptação às mudanças climáticas.
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