O reconhecimento facial tem sido adotado em diversos países. Entretanto, pesquisas apontam que esses sistemas apresentam maiores índices de erro quando se deparam com rostos de mulheres e negros.
A mesa redonda As Implicações Sociais do Reconhecimento Facial: O Caso da Segurança Pública, promovida pelo Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, discutirá o preparo da administração pública brasileira para utilizar esses sistemas sem contribuir com o aprofundamento do racismo e da misoginia.
Rodrigo Brandão, mestre em Ciência Política e doutorando em Sociologia pela USP, pesquisador do Centro para Inteligência Artificial (C4IA) da USP e mediador do evento, explica ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição que o reconhecimento facial é uma das aplicações da Inteligência Artificial, uma tecnologia mais ampla.
“Essas tecnologias podem ser treinadas para fazer esse reconhecimento de rostos humanos”, afirma. Segundo Brandão, esse treinamento é feito em bases de dados desbalanceadas. “A tecnologia tem um viés a reconhecer corretamente o rosto de um homem branco e a tendência a reconhecer incorretamente o rosto de uma mulher negra, por exemplo.” Esse fenômeno é chamado de viés algorítmico.
Quando essa tecnologia é utilizada em políticas públicas, o viés algorítmico traz implicações problemáticas. “Os algoritmos têm sido uma ferramenta tecnológica de reprodução do racismo que a gente já tem na nossa sociedade, principalmente nas forças de segurança”, afirma Pablo Nunes, coordenador adjunto do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), um dos palestrantes. Nunes cita os casos de pessoas que chegaram a ser presas erroneamente por conta do reconhecimento facial ou fotográfico.
O evento é on-line, gratuito e acontece no próximo dia 28, terça-feira, a partir das 16h. A transmissão será feita no site iea.usp.br/aovivo. Mais informações estão disponíveis no endereço www.iea.usp.br/eventos/reconhecimento-facial-seguranca-publica
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