Pandemia de covid evidenciou limites e levantou temas a serem discutidos pela sociedade

A informação é de Rafael Monteiro, um dos organizadores do livro “Diálogos urgentes em tempos de incerteza e múltiplas crises”, obra que destaca a importância da valorização do conhecimento e da relação entre as diversas áreas do saber

 03/05/2022 - Publicado há 2 anos

 

Fotos: Freepik e Portal de Livros Abertos da USP

 

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O livro Diálogos urgentes em tempos de incerteza e múltiplas crises, publicado no dia 11 de abril, promove discussões acerca da pandemia e sua correlação com outros problemas presentes na sociedade brasileira. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª edição, Rafael Monteiro, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) e um dos organizadores da obra, discorre sobre o projeto.

De acordo com Monteiro, a ideia do projeto partiu do professor Pedro Jacobi, que pensou em construir um livro diferente do convencional, ao reunir pesquisadores das diversas áreas do saber com reflexões sobre a pandemia. “O desafio é sair um pouco dos moldes tradicionais acadêmicos, é fazer um ensaio que arrisque um pensamento mais aberto e, portanto, que a gente consiga usar e colocar para os convidados, autores e autoras o desafio de tentar usar de uma linguagem menos técnica, e  menos acadêmica, para que essas reflexões possam transcender os muros da universidade. Esse foi o grande norte que orientou todo o processo de construção”, conta.

A pandemia evidenciou alguns limites e levantou temas importantes a serem discutidos e transformados na vida em sociedade. Sobre o primeiro bloco do livro, Monteiro destaca “a necessidade de pensarmos novos caminhos, de planejar políticas públicas, por exemplo, de uma forma muito mais integrada, intersetorial, de valorizar os conhecimentos não acadêmicos e, portanto, juntar, fazer aquela ecologia de saberes. Juntar diferentes formas de conhecimentos para trabalhar junto e enfrentar essa complexidade cada vez maior, que fica clara aos nossos olhos nos dias de hoje, ainda mais com a pandemia”.

Sindemia

Rafael Monteiro – Foto: Reprodução

Há também a discussão sobre o termo “sindemia”, que pode ser entendido como uma sinergia e cooperação entre várias crises. “Se já estava difícil com a covid-19, quando olhamos um pouco mais distanciado, percebe-se que já havia outras crises instaladas, o que nós tínhamos era um grande conjunto de crises atuando juntas. Então, tinha uma crise já social em andamento no nosso país, por exemplo, uma crise política — isso está claro nas redes sociais, as pessoas tendo uma grande dificuldade de se compreender quando têm perspectivas diferentes -, a crise ambiental. Todas essas crises acabaram nesse momento ganhando desafio para nós e por isso que nessa etapa os capítulos vão discutir esses aspectos que se somaram para dar mais força, uma força negativa para a covid-19, uma força que trabalhou contra nós.”

A terceira parte do livro aborda especificamente a questão do negacionismo. Monteiro indica: “Um dos capítulos trata da importância do letramento científico, aí vem a nossa responsabilidade como cientistas de poder explicar para as pessoas não apenas os resultados das nossas pesquisas, mas como a gente constrói esses resultados, para que elas entendam o processo. Assim, fica mais difícil quando alguém com alguma intenção negativa, com alguma intenção velada, vem questionar o processo e as pessoas, por não terem o conhecimento de como funciona a ciência, ficam refém dessas informações falsas.”

Rafael Monteiro ressalta a importância do diálogo e a necessidade de uma conversa compreensiva, didática e aberta para amenizar os efeitos do negacionismo. Para ele, a polarização e a linguagem combativa com quem não compreende a ciência pode causar um afastamento ainda maior.

Acesse o livro no link a seguir: Diálogos urgentes em tempos de incerteza e múltiplas crises | Portal de Livros Abertos da USP


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