Ocitocina, hormônio que pode melhorar bem-estar emocional de pessoas com ansiedade

De acordo com Eliana Nogueira do Vale, o hormônio é responsável pelos estímulos sensoriais agradáveis, como táteis (massagens, abraços etc.) e auditivos (música, som das ondas do mar etc.)

 21/03/2022 - Publicado há 3 anos     Atualizado: 28/03/2022 às 9:34
Relações amorosas, de amizade, de trabalho e o contato com duas ou mais pessoas produzem ocitocina – Imagem: Pixabay

 

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Com a pandemia, muitas pessoas tiveram sua saúde mental prejudicada pela falta de contato afetivo, o que ocasionou doenças como depressão e ansiedade. Isso pode estar relacionado à falta de ocitocina, importante para produção do bem-estar físico e emocional, como aponta a tese de doutorado em Neurociência e Comportamento, Ocitocina, bem-estar e a regulação do afeto.

Eliana Nogueira do Vale – Foto: Arquivo Pessoal

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, a autora da tese e mestre em Psicologia Clínica no Instituto de Psicologia (IP) da USP, Eliana Nogueira do Vale, explicou que a ocitocina é produzida em diversas situações diferentes, sendo uma delas pelos estímulos sensoriais agradáveis. “Por exemplo, estímulos táteis agradáveis: massagem, abraço, carinho no cabelo. Todas essas coisas fáceis vão trazer bem-estar. Estímulos auditivos: música, barulhinho de cachoeira, de mar.” Além disso, ela destaca também que as relações amorosas, de amizade, de trabalho e o contato com duas ou mais pessoas produzem também ocitocina. 

Com o home office e muito tempo em frente do computador, esses estímulos acabam se tornando mais raros. “Tudo isso que eu falei sobre bem-estar exige que se tenha  tempo para fazer isso, […] que possa se dedicar a essas coisas agradáveis”, pondera a especialista. Ela explica também que as “pessoas esgotadas não têm tempo para a vida familiar, para vida amorosa, para descansar, para ter lazer.” Ou seja, problemas que vão além da questão pandêmica. 

 

Ocitocina pode melhorar a situação

Pensando nisso, a pesquisa reuniu 27 participantes do sexo masculino, de 18 a 60 anos, diagnosticados com Transtorno de Ansiedade Generalizada (caracterizado por importantes distúrbios do sono, irritabilidade, nervosismo, tremores, tensão muscular, palpitações, tonturas e desconforto gástrico) para compreender os efeitos da ocitocina nesse caso. “Está havendo interesse da psiquiatria por estudos que usem ocitocina, porque […] ela tem resultado sem efeito colateral”, afirma Eliana. 

Foi trabalhado a administração da ocitocina intranasal no grupo instrumental, comparado com um grupo placebo, que utilizou soro fisiológico. Nos pacientes que usaram a ocitocina, detectou-se uma melhora no humor, nos relacionamentos pessoais, na qualidade do sono e nos estados de calma, confiança e ânimo. 


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