Medidas do Ministério do Meio Ambiente geram críticas internacionais

Liberação de agrotóxicos e aumento do desmatamento provocaram repercussões negativas e boicote a produtos

 07/06/2019 - Publicado há 5 anos     Atualizado: 11/06/2019 as 9:18
Por
Logo da Rádio USP

As decisões tomadas nos últimos meses pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, têm sido criticadas tanto por outros países quanto por membros da gestão do próprio governo. A preocupação com os impactos ambientais – resultantes da política de liberação de mais tipos de agrotóxicos, por exemplo – é relacionada às exportações, que já sentem as consequências. Recentemente, uma rede sueca de supermercados anunciou um boicote a todos os produtos brasileiros, e o temor do agronegócio é que essa iniciativa se expanda ainda mais.

O professor Pedro Luiz Côrtes, do programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da USP, conversou com o Jornal da USP no Ar sobre o assunto. Para fundamentar essas preocupações, ele traz dados de um levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que revela que o desmatamento da Amazônia atingiu número recorde, aumentando 34% em relação ao ano passado. Isso equivale a  dois campos de futebol por minuto. Além disso, o número de autuações feitas pelo Ibama vem diminuindo cada vez mais: “Do início deste ano até 15 de maio, o INPE enviou aos órgãos ambientais de fiscalização 3.860 alertas sobre desmatamento, mas a fiscalização do IBAMA realizou apenas 850 autuações”, conta o especialista.

Foto: Wikimedia Commons – CC

Todas esses fatores geraram várias repercussões negativas. Em um evento organizado pelo Instituto de Estudos Avançados da USP, sete ex-ministros do Meio Ambiente criticaram as ações de Ricardo Sales. Para Côrtes, “essa foi uma reunião inusitada, porque até então um grupo tão grande de ex-ministros nunca havia criticado tão fortemente a atual gestão de uma pasta”.

Os alertas em relação a possíveis prejuízos surgiram desde que houve a proposta de extinguir o Ministério do Meio Ambiente, visando a transformá-lo em uma secretaria do Ministério da Agricultura. O próprio agronegócio se manifestou contra, fazendo pressão contra medidas que pudessem prejudicar a reputação brasileira. O principal motivo disso são as exportações: o boicote da rede sueca pode até ter sido uma iniciativa isolada, porém o temor é que esse tipo de movimento ganhe força na Europa e resulte em novas barreiras econômicas.

No entanto, segundo o professor, mesmo gerando tantos receios e discordâncias, o governo continua negligenciando a importância do Ministério do Meio Ambiente. “Os protestos têm se amplificado, seja por políticos, ex-ministros, ONGs ou organizações estrangeiras. Há vários setores da sociedade que vêm se mobilizando contra isso. Parece que o governo não dará a devida importância à pasta até o momento em que tenha um prejuízo real a nossas exportações. Se isso acontecer, não é algo que se possa reverter de imediato. Isso pode demorar, no mínimo, alguns meses”, explica Côrtes.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.