Vitória de Joe Biden nos EUA pode alterar política ambiental brasileira, diz professor

Pedro Luiz Côrtes comenta discurso de Bolsonaro, acusando ONGs, e o posicionamento do governo frente a possível apoio americano

 02/10/2020 - Publicado há 3 anos

Esta semana, o presidente Jair Bolsonaro disse, em um discurso na Cúpula sobre Biodiversidade da Organização das Nações Unidas (ONU), que algumas ONGs estariam envolvidas em crimes ambientais no Brasil e no exterior, mesmo não apresentando provas. Além disso, Donald Trump e Joe Biden, candidatos à presidência dos Estados Unidos, discutiram o investimento de US$ 20 bilhões ao Brasil para o combate ao desmatamento na Amazônia, ao que Ricardo Salles respondeu que seria uma quantia insuficiente caso fosse distribuída ao longo de dez anos. O professor Pedro Luiz Côrtes, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, repercute esses fatos em entrevista ao Jornal da USP no Ar.

Segundo o especialista, a presença do assunto no debate eleitoral americano indica que a pressão internacional vem crescendo e “caso Joe Biden ganhe as próximas eleições isso vai determinar uma mudança na política externa brasileira e uma revisão das práticas ambientais”. A declaração do ministro do Meio Ambiente também chama atenção, pois o Fundo Amazônia, bloqueado desde o ano passado, representa recursos parados e que poderiam ser investidos, embora não haja nenhuma movimentação do governo a esse respeito. “Se o Ministério não consegue utilizar nem os 100 milhões do Fundo Amazônia, como irá utilizar 2 bilhões por ano ou 20 bilhões de uma única vez? Isso mostra que o discurso não é condizente com a prática”, conta o professor.

Quanto ao discurso de Bolsonaro, que disse que a divulgação de informações falsas sobre a questão ambiental no Brasil é o fator causador de tensões internacionais sobre o tema, Côrtes lembra que a fonte dessas informações é o próprio governo federal pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), cujas metodologias são reconhecidas nacional e internacionalmente. Logo, “fica demonstrado, mais uma vez, como a cúpula governamental tem dificuldade em lidar com esses dados e coloca a culpa nas ONGs, sem apresentar nomes ou provas. Esse é um discurso voltado para o público interno de apoiadores do presidente e que não melhora de maneira alguma nossa imagem no exterior”, explica.

Saiba mais ouvindo a entrevista na íntegra.


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