Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), uma em cada sete pessoas no mundo sofre com desnutrição, e um terço de toda a comida produzida mundialmente é perdida todo ano. Um dos maiores desafios atuais é o de conciliar esses dois problemas, tornando um a solução do outro.
Para Wagner Costa Ribeiro, professor do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e especialista em ciência ambiental, a questão da perda de alimentos deve ser pensada em duas formas: a perda do alimento em si e o exagero na alimentação, principalmente em países mais ricos. O professor lamenta que não existam medidas claras para combater o desperdício. “Na verdade, nós temos que ter uma maior racionalidade na produção do alimento, uma maior capacidade de conservação do alimento e fazer com que, da produção até o consumo, todas essas etapas sejam bem equilibradas.”
Outro problema que reforça esse desequilíbrio estrutural é o da concentração de renda, que permite o aumento do desemprego. Somado a isso, há um outro problema que Ribeiro ressalta: o valor gasto na colheita muitas vezes é mais caro do que o próprio preço da venda do alimento, fazendo com que seja desvantajoso. “Nós temos grandes grupos internacionais que acabam atuando com muita força nesse segmento e acabam monopolizando a distribuição de comida, que é de fato um grande problema internacional” destaca.
A erradicação da fome no mundo é uma das Metas do Milênio, que tem prazo até 2030. Segundo o último relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), cerca de 12% da população mundial ainda passa fome.
Ouça no link acima a íntegra da entrevista.