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A professora Adriana Alves, nova coordenadora do Escritório USP Mulheres, em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, discutiu ações para a equidade de gênero dentro e fora da Universidade, visando à promoção de maior acesso, permanência e progressão de mulheres na USP, tanto em termos acadêmicos quanto administrativos. Ela destacou que existem diferentes obstáculos, dependendo da área. “Para as exatas, precisamos ainda focar bastante no acesso. Para as humanas e biológicas, já temos um cenário um pouquinho melhor”, mas, ainda assim, as contratações privilegiam homens.
Adriana aponta que essa diferença de acesso entre exatas, humanas e biológicas ocorre devido a estereótipos. “Precisamos também desfazer todo um estereótipo de criação de homens e mulheres. Eu cresci ouvindo que mulheres eram melhores na escrita e homens melhores no pensamento lógico. Então, precisamos criar as nossas meninas para que elas vejam um futuro nas carreiras das ciências exatas.”
Sendo assim, é necessário sensibilizar os gestores das universidades, para que haja políticas de incentivo à entrada e permanência de mulheres. “Isso é um problema que é mundial. Não é só da USP”, ressalta a professora.
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Ações na USP
Outro ponto abordado pela professora é a respeito das ações realizadas pela USP para incentivar as meninas a ingressar nas carreiras exatas, como o Menina nas Ciências, realizado pela Escola de Artes Ciências e Humanidades (EACH). “Acho que cativar as meninas ainda no ensino médio é uma medida que tem se mostrado bastante eficiente.”
Porém, a coordenadora do Escritório Mulheres acredita que algo deva ser feito para aquelas garotas que já entraram para o curso, com o objetivo de que sigam bem sua carreira acadêmica. “Precisamos pensar em ações que incentivem essas meninas a continuar na carreira acadêmica depois e, quiçá, aumentarem o número de postulantes da carreira docente.” Ela prossegue explicando que será necessário aumentar o “número de doutoras nessas áreas e o número de postulantes dos concursos”.
No que diz respeito aos alunos cotistas, Adriana enxerga que essas ações devem atingi-los e ajudá-los a seguir carreira acadêmica. “Então, temos dois desafios que são, para mim, os principais: o primeiro é ter um documento que firme compromissos da Universidade com a equidade de gênero; o outro, é trazer um recorte de raça para que tenhamos uma diversidade numérica, não apenas em termos de gênero, mas também que tragamos mais mulheres negras”, afirma.
A professora acredita que, se conseguirem ampliar essas ações para a questão da equidade na USP, “isso vai servir de modelo para outras instituições adotarem as mesmas medidas e aí criar uma onda de equidade de gênero para as outras, para trazer mais universidades brasileiras”.
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