Doença de Behçet: quais os sintomas e quando procurar ajuda

O reumatologista Rafael Cordeiro explica que o diagnóstico de doença de Behçet é clínico, baseado nas manifestações apresentadas pelo paciente

 02/08/2023 - Publicado há 1 ano     Atualizado: 03/08/2023 às 12:36
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Síndrome de Behçet é pouco conhecida e pode gerar consequências graves no organismo – Foto: Freepik

 

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A síndrome de Behçet é uma doença rara, inflamatória crônica e autoimune que surge inicialmente com aftas e úlceras recorrentes na boca e partes genitais causando muito incômodo.  Por ser desconhecida, muitas vezes a pessoa não dá atenção aos sintomas que podem se agravar e atingir artérias, articulações, sistema neurológico e os olhos, conforme conta o reumatologista Rafael Alves Cordeiro, médico assistente do ambulatório de Doença de Behçet do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP).

“Dor e inflamação nas articulações, lesões de pele que podem ser semelhantes a acne e também envolvimento dos olhos, inflamação dos vasos sanguíneos da retina. Alguns pacientes podem apresentar trombose, podem apresentar aneurismas, podem ter inflamação no intestino e até mesmo inflamação no sistema nervoso. Boa parte desses envolvimentos acontece por conta de inflamação dos vasos sanguíneos, que é o que nós chamamos de vasculite. A doença de Behçet tem a peculiaridade de poder inflamar desde vasos sanguíneos muito pequenos até vasos sanguíneos médios e grandes”,  explica o reumatologista.

Sintomas e diagnóstico

As queixas de doença de Behçet podem começar anos antes do diagnóstico com aftas bastante dolorosas. O aparecimento de úlceras genitais acomete cerca de 80% dos pacientes e a proporção de úlceras orais é bem maior. Já as  manifestações oculares atingem cerca de 50% dos quadros.  Como  as aftas podem aparecer em outras doenças como AIDS,  lúpus e doença de Crohn,  é importante a investigação.

O diagnóstico de doença de Behçet é clínico, baseado nas manifestações apresentadas pelo paciente e analisadas pelo médico. Não há exame de laboratório que determine o diagnóstico.  A causa da doença é desconhecida e afeta diretamente o sistema imunológico.  Na maioria das vezes, o reumatologista necessita do auxílio do oftalmologista para saber se há inflamação no olho e qual estrutura está comprometida.

Evolução da doença

Rafael Alves Cordeiro – Foto: Arquivo Pessoal

Homens jovens, entre 20 e 40 anos, apresentam uma evolução pior da doença do que as mulheres, que tendem a ter um quadro mais leve. Já em crianças os casos são raros. A doença de Behçet é bastante comum em países que fazem parte da antiga rota da seda, que se estende da Ásia ao Mediterrâneo, afetando principalmente gregos, turcos, árabes e israelenses, além de coreanos, chineses e japoneses. Atualmente, todos os continentes têm casos da doença.  

Com o passar do tempo, a doença vai ficando cada vez mais fraca. Não há cura,  mas tratamento.  “Nós não falamos exatamente em cura para a doença de Behçet. O que nós sabemos é que a doença tende a ficar mais leve  com o passar das décadas  e muitos pacientes podem ficar assintomáticos conforme envelhecem. O tratamento tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida e também de impedir o acúmulo de danos que a doença pode provocar. Em casos mais graves, nós temos como usar medicações imunossupressoras, que são medicações que bloqueiam inflamações provocadas pelo sistema imunológico, com o objetivo não só de controlar a doença, mas também de diminuir as recaídas que a doença pode provocar”, explica Cordeiro.


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