A pandemia trouxe uma grande insegurança e questionamentos para a população. Buscas sobre transtornos mentais na internet bateram recorde. Os números em 2020 apresentaram uma alta de 98% se comparados aos últimos dez anos, segundo dados fornecidos pelo Google ao jornal O Estado de S. Paulo. No entanto, na opinião de Christian Dunker, psicanalista do Instituto de Psicologia da USP, o aumento pode estar associado à covid-19 e à pandemia, mas outros fatores também podem ter contribuído para esse resultado.
Ele lembra que “pode ser posto em contexto um crescimento no número de transtornos e índices sensíveis de saúde mental que vinham acontecendo antes da pandemia. A saúde mental independe da nossa forma de vida, da maneira como falamos, desejamos e trabalhamos. Essa desatenção com aquilo que seria o estado anterior à formação de transtornos, o estado de sofrimento, pré-clínico em saúde mental redundou numa desprevenção, em uma falta de atenção com o que poderíamos chamar de cuidados básicos em saúde mental”.
A busca por informações relativas a transtornos mentais e estados de sofrimento é vista positivamente por Dunker. No entanto, ele destaca que “a forma como vamos encontrar na internet alternativas muito erráticas para lidar com isso pode expor a pessoa à reprodução daquilo que está induzindo, causando ou estendendo seu sofrimento”.