De acordo com publicação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 2020 a fome cresceu 30% na América Latina. No Brasil, essa situação é ainda mais preocupante: quase 20 milhões de pessoas estão passando fome no País e 44% estão em algum grau de insegurança alimentar.
Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, a professora Thais Mauad, coordenadora do Grupo de Estudos em Agricultura Urbana do Instituto de Estudos Avançados da USP e integrante do Grupo de Trabalho Políticas Públicas de Combate à Insegurança Alimentar e à Fome, explicou que esse cenário se agravou devido à falta de políticas públicas e à pandemia, que gerou a crise econômica.
Diante disso, a professora destaca a importância da agricultura urbana, por ser uma fonte de alimentação fresca e saudável a um preço mais acessível . “A agricultura urbana tem diversos benefícios. Então, ela traz o consumidor para perto do produtor, o custo ambiental da comida cai muito e o preço também. Ela pode ser uma fonte importante de renda para as pessoas”, afirma.
Thais ressalta também os impactos que poderiam ocorrer se as políticas públicas fossem efetivadas nesse sentido. O Instituto Escolhas, por exemplo, fez um mapeamento de terrenos ociosos. “Eles pegaram só os terrenos ociosos na região de Sapopemba e viram que, se esses terrenos fossem ocupados por agricultura urbana, se alimentariam 80 mil pessoas.”
A professora destaca que se hoje houvesse um maior mapeamento dessas regiões focalizadas em locais com o problema da fome, seria um norte para a criação de hortas urbanas. “Essas hortas urbanas trabalham em geral de maneira agroecológica. Elas prestam um serviço grande à biodiversidade da cidade, atenuam ilhas de calor e têm papel social importante”, enfatiza.
Ela prossegue falando que há espaço na periferia para a agricultura urbana. No caso do centro expandido, esse espaço é reduzido, mas poderiam ser feitos os tetos verdes. Thais completa que “qualquer pessoa que tenha seu quintal em casa, os chamados produtivos, deve começar a plantar, porque isso é para segurança alimentar”.
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