![Representação de um coração humano sob fundo azul](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/2023/11/20231108_insufisciencia_cardiaca.jpg)
De repente, você sente o coração bater de uma forma diferente, mais rápido ou mais lentamente. Será que você está sofrendo um infarto ou uma crise de ansiedade? Uma arritmia cardíaca é uma condição em que o ritmo cardíaco está alterado. Podem ocorrer batidas rápidas demais, muito lentas e até mesmo situações nas quais o coração sai do compasso e as batidas ficam irregulares. Além das palpitações, a arritmia pode causar tontura, desmaios, sensação de falta de ar, cansaço excessivo.
Hugo Thomé, cardiologista do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica que “esses sintomas podem acontecer tanto de forma abrupta, sem um gatilho desencadeante ou mesmo durante exercício, por exemplo. Pessoas que têm fatores como doenças cardíacas, histórico familiar, pressão alta são as que têm mais predisposição a ter arritmia cardíaca. Por outro lado, a ansiedade vai ser uma resposta do corpo ao estresse. Quando de forma excessiva, pode se manifestar fisicamente com palpitação, sudorese e geralmente vai estar associado a tremor, sensação de nó na garganta, tensão muscular. Esses sintomas geralmente vão surgir em situações específicas com um grande estresse, uma situação de maior preocupação, e tendem a diminuir com a resolução do fator desencadeante”.
Ao apresentar algum desses sintomas, o ideal é procurar um cardiologista. Ele poderá lançar mão de exames como eletrocardiograma, teste ergométrico, holter, que irá gravar as batidas do coração por mais ou menos 24 horas e definir se o que se sente são os sintomas sugestivos de arritmias cardíacas ou um transtorno de ansiedade. Por esse motivo, é importante não ignorar os sintomas e, na dúvida, buscar ajuda de um profissional médico.
A síndrome do pânico também ocasiona uma falsa arritmia cardíaca. É muito comum que as pessoas nessa situação sintam o coração bater diferente, de forma irregular, sentir falhas no coração, mas na maioria das vezes isso não está acontecendo. O coração está batendo no ritmo normal, cadenciado, mas como os sistemas do corpo estão ativados, liberam mais adrenalina e, com isso, a pessoa pode perceber melhor as batidas do coração. Tanto o coração quanto a mente precisam de cuidados de forma adequada. O acompanhamento conjunto entre o cardiologista e psicólogo ou psiquiatra pode ser a chave para definir o que está acontecendo e para se ter uma qualidade de vida melhor, mais saudável e mais equilibrada.
Fatores de arritmia
![Homem branco, jovem, cabelos escuros, trajando jaleco branco sobre camisa da mesma cor e gravata vermelha](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/2024/12/20241204_hugo-thome.jpg)
Vários fatores podem causar arritmias cardíacas, como indicado acima, o que inclui pressão alta, infarto, exercício físico prolongado. As alterações nos batimentos podem ser rápidas, lentas e até irregulares, quando o coração sai do ritmo e passa a bater de forma irregular. Isso pode provocar pausas e curtos aceleramentos. Essas alterações podem ser causadas por doenças coronarianas, por infarto, que gera estreitamento nas artérias que nutrem o músculo cardíaco, gerar cicatrizes, comprometer a oxigenação, a nutrição do músculo cardíaco, e com isso degenerar para condução elétrica e para ritmos cardíacos irregulares. A insuficiência cardíaca, quando o coração está enfraquecido, tem maior risco de desenvolver arritmia. Nas doenças estruturais do músculo cardíaco, quando este se dilata, fica mais grosso que o normal. Defeitos de nascença na constituição do músculo cardíaco são outras das situações que podem gerar arritmias, assim como os distúrbios eletrolíticos, principalmente associados à baixa ou alta do potássio. Também a atividade física que gere muito suor pode resultar em distúrbios eletrolíticos, e os eletrólitos estão diretamente ligados ao funcionamento elétrico do coração.
Outras situações ainda incluem as disfunções da tireoide, que também podem provocar ritmos mais lentos ou mais acelerados. Já o consumo de substâncias como a cafeína ou álcool em excesso gera arritmias, enquanto drogas ilícitas, lícitas e alguns medicamentos para tratar pressão alta, por exemplo, podem diminuir o ritmo cardíaco. De acordo com Thomé, as arritmias ocasionadas por ansiedade normalmente não são fatais, elas provocam o que é chamado de taquicardia sinusal, nome técnico dado para batidas cardíacas no ritmo normal, mas de forma mais acelerada. Durante ataques de pânico ou de estresse extremo, a pessoa pode sentir aquela sensação de coração acelerado, de batimento fora do ritmo, mas a função cardíaca geralmente não está comprometida.
Se uma pessoa já tem uma condição cardíaca de base, se já teve um histórico de um infarto, por exemplo, se ela tem insuficiência cardíaca, uma crise de ansiedade pode levar a uma arritmia de fato. Se a pessoa é saudável, com um coração estruturalmente normal, uma crise de ansiedade, na imensa maioria das vezes, não irá levar a um quadro de arritmia cardíaca. Atualmente os jovens estão apresentando problemas cardíacos cada vez mais cedo. Thomé destaca que “o padrão de alimentação está pior e isso tem seguido com uma sequência de efeitos ruins, causando mais doenças como pressão alta, colesterol alto e até mesmo infarto ocorrendo mais precocemente. Assim, se você sentir palpitação de forma persistente, associada à tontura, dor no peito, falta de ar, sensação de cansaço extremo e, principalmente, se já apresentar a doença cardíaca de base, a procura por um médico é essencial”, alerta.
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