Na última semana, o The New York Times relatou o surgimento de um fenômeno que pode alterar todo o mercado jornalístico dos EUA: veículos de comunicação local vêm desaparecendo e dando espaço a redes de jornais on-line. Uma movimentação perigosa, segundo Carlos Eduardo Lins da Silva, visto que tais entidades “estão longe de seguir os preceitos do jornalismo”.
“Isso deveria ser saudado com entusiasmo, em princípio, se não fosse o fato de que tais redes são financiadas, quase todas, por entidades afiliadas ao Partido Republicano e que beneficiam o presidente Donald Trump. Também há alguns veículos financiados pelos democratas de Joe Biden. No entanto, seja de um lado, seja do outro, o que esses veículos estão fazendo não é jornalismo, mas sim propaganda política”, comenta o especialista.
Porém, tal processo não se restringe aos EUA. No Brasil, de acordo com Lins da Silva, começará a operar a Rede Regional de Notícias, uma agência que terá como missão produzir e distribuir conteúdo a partir de Brasília. Em uma situação semelhante à estadunidense, os mais de 100 veículos possuem claro alinhamento com o governo federal.
Ao criticar a possibilidade, o professor relembra que o governo já dispõe de emissoras que realizam serviços de comunicação e que “não é admissível utilizá-las para campanha eleitoral”. “A preocupação é a mesma da dos EUA, há o enfraquecimento do jornalismo independente nas pequenas regiões e isso dá espaço para pessoas e entidades que têm objetivos políticos e partidários”, completa o especialista.
Ouça a íntegra no link acima.
Horizontes do Jornalismo
A coluna Horizontes do Jornalismo, com o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
.