Minha história com a USP traz as memórias de quem constrói a Universidade

Em comemoração aos 90 anos da fundação da USP, página reúne lembranças e homenagens da comunidade universitária

 Publicado: 20/05/2024     Atualizado: 21/05/2024 as 18:42

Texto: Hérika Dias

Arte: Joyce Tenório* e Moisés Dorado

Mosaico de Jornal da USP com imagens de arquivo pessoal e Jorge Maruta/USP Imagens

Agradecimento. Esse é o sentimento mais presente nas mensagens enviadas por professores, estudantes e funcionários que fazem ou fizeram parte da vida cotidiana da USP desde sua fundação.  A comunidade uspiana foi convidada a compartilhar suas lembranças em comemoração aos 90 anos da Universidade, completados no dia 25 de janeiro. Foram enviadas diversas fotos, textos e vídeos contando situações, histórias, agradecimentos, amores ou mesmo prestando homenagens à Universidade. Todo o conteúdo pode ser conferido na página Minha História com a USP, que vai ao ar hoje, 20 de maio.

Um dessas memórias é do professor José Antônio Alves Torrano, do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Ele relembrou que na década de 1970 foi aluno de Literatura Latina da professora Zelia de Almeida Cardoso.

Anos depois, eles foram colegas no Programa de Pós-Graduação em Letras Clássicas, coordenado por Torrano durante dez anos. “Graças à presença prestativa da professora Zelia que, com avassaladora serenidade do olhar e com discreta ironia, quase imperceptível, me deu todo o auxílio e todos os conselhos necessários e eficazes para tirar o pé do pântano e levar a marcha em frente.”

A professora do Departamento de Física Nuclear do Instituto de Física (IF) Elisabeth Mateus Yoshimura escreveu para homenagear uma outra professora do IF: Emico Okuno, que se formou na USP e lecionou de 1961 a 2006. “Nesse período, [Emico Okuno] formou pesquisadores e deu grande contribuição à pesquisa nacional e internacional. Mas o que a torna uma pessoa mais notável é a contribuição ao ensino interdisciplinar de Física, com a escrita de livros didáticos de grande aceitação por estudantes da área de biológicas e para público leigo”, disse a professora Elisabeth.

Danton Porto, egresso da Escola de Comunicações e Artes (ECA) destacou que há quatro gerações sua família faz parte da história da USP. O bisavô, o avô, o pai e e ele estudaram na Universidade. Enquanto os dois primeiros fizeram Direito, seu pai fez Engenharia e ele, Publicidade e Propaganda. “A Universidade fez parte da nossa formação intelectual, profissional e ética. Com eles, aprendi a valorizar a importância do ensino público de qualidade e a prezar pelo bem público.”

O amor através da USP

Os campi da USP em São Paulo, Ribeirão Preto, São Carlos, Pirassununga, Piracicaba e Bauru foram cenários de muitas histórias românticas. Uma delas é da Heloisa Machado da Silva. A então estudante da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) conheceu o italiano Lorenzo, que veio estudar na Escola Politécnica (Poli), por meio do USP iFriends.

O programa voluntário ocorre desde 2011 e prevê que um aluno USP realize a recepção de um estudante internacional. A ideia é estimular uma troca entre cursos e culturas, além de incentivar a prática de idiomas, a formação de novas amizades e auxiliar quem está chegando na Universidade e no País.

Heloisa Machado da Silva com seu marido Lorenzo e suas duas filhas – Foto: Arquivo pessoal

Já o professor do Departamento de Engenharia Química e de Produção da Escola de Engenharia de Lorena (EEL) da USP Domingos Sávio Giordani expressou seu sentimento pela Universidade por meio de um poema chamado Gratidão. Um dos versos diz: “USP, és mãe, és farol, és porto seguro”.

A Marcia Aparecida da Silva Annunciato nos lembra que nunca é tarde para realizar sonhos. Perto de completar 60 anos, ela fez seu mestrado na Faculdade de Direito (FD) com a professora Eunice Aparecida de Jesus Prudente como orientadora. “Agradeço aos colegas, muitos com idade para serem meus netos e que me tratavam em condição de igualdade; assim, também, aos funcionários, que sempre me acolheram com paciência e consideração.”

A invasão do Crusp

O jornalista e coordenador editorial da Superintendência de Comunicação Social (SCS) da USP Luiz Roberto Serrano relembrou um episódio que ficou marcado na história da USP: o dia 17 de dezembro de 1968. Ele morava no Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp), no campus Cidade Universitária, e foi um dos estudantes presos pelo Exército naquele dia. Ele ingressou na Universidade como estudante da Escola Politécnica, mas acabou se formando pela Escola de Comunicações e Artes (ECA).

O projeto do Crusp foi elaborado em 1961 e previa a construção de 12 edifícios com térreo e seis andares superiores. Como São Paulo sediaria os IV Jogos Panamericanos de 1963, o governo do Estado de São Paulo liberou verbas para construção de seis blocos projetados para o conjunto residencial. Eles serviriam para alojar os atletas antes de serem destinados aos alunos.

Os blocos A, B, C, D, E e F foram inaugurados em maio de 1963, junto com um restaurante para o evento esportivo. Com o fim da competição, o local permaneceu fechado e os estudantes o ocuparam, levando a USP a gerenciar a nova moradia estudantil.

O Crusp exercia importante papel na organização política dos alunos, abrigando assembleias, congressos e eventos culturais. A tomada do poder pelos militares em 1964 e a instituição da ditadura levou a moradia estudantil a ser um alvo dos órgãos de repressão, que acusavam os estudantes de subversão. Em 17 de dezembro de 1968, quatro dias após o AI-5, o Crusp foi invadido pelas Forças Armadas com uso de tanques de guerra para expulsar os moradores do Crusp.

Todos os estudantes se entregaram pacificamente, foram presos e levados para o Presídio Tiradentes. Após a desocupação forçada, os blocos do conjunto passaram a servir a outras finalidades e algumas das estruturas inacabadas foram demolidas.

Todas essas histórias e muitas outras estão na página Minha História com a USP que regularmente será atualizada com novas memórias enviadas pela comunidade uspiana através do e-mail usp90anos_comunica@usp.br

*Estagiária sob supervisão de Moisés Dorado


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