Grupo da USP é destaque em competição internacional de matemática para universitários

Alunos do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP em São Carlos participaram do International Mathematics Competition, que ocorreu em agosto na Bulgária, reunindo jovens universitários do mundo todo

 Publicado: 20/09/2024 às 11:52     Atualizado: 16/10/2024 às 10:39
Quatro alunos mostram diplomas e medalhas enquanto seguram a bandeira do Brasil em um gramado ao ar livre; ao fundo um edifício
Equipe do ICMC é formada por estudantes que fazem parte do grupo de extensão Nemo – Foto: Divulgação Nemo (ICMC/USP)

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Texto: Gabriele Maciel*

Leia este conteúdo em InglêsEstudantes do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP em São Carlos alcançaram destaque internacional na 31ª International Mathematics Competition for University Students (IMC 2024), competição de matemática que reuniu estudantes universitários de todo o mundo e foi realizada em agosto, na Bulgária. Além dos alunos do ICMC, outros 12 estudantes do Brasil participaram do torneio, conquistando, ao todo, 19 medalhas.

Os quatro alunos fazem parte do Núcleo de Estudos de Matemática Olímpica (Nemo), grupo de extensão do ICMC: Gabriel Franceschi Libardi, estudante de Engenharia de Computação, e Arthur Queiroz Moura, do bacharelado em Ciências de Computação, conquistaram medalhas de prata; Luan Arjuna Fraga Ramires, aluno da Licenciatura e do mestrado em Matemática, foi premiado com uma medalha de bronze; e Matheus Henrique Lima e Silva, que cursa o bacharelado em Matemática, recebeu uma menção honrosa.

Realizada anualmente, a competição reuniu cerca de 400 jovens universitários de todo o mundo, promovendo a troca de conhecimentos e experiências. Ao longo de dois dias, cada um com cinco horas de provas, os participantes foram desafiados a resolver problemas matemáticos. A conquista de uma medalha depende do desempenho geral dos jovens, não sendo necessário resolver todas as questões apresentadas.

Segundo Gabriel, que é coordenador do Nemo, nesta edição algumas perguntas traziam truques já explorados em competições anteriores, o que elevou as notas gerais e aumentou o corte para as medalhas. “Ficamos satisfeitos com o nosso resultado, mesmo enfrentando um nível de dificuldade maior em comparação aos anos anteriores. Essa experiência reforçou nosso aprendizado e aumentou nossa motivação enquanto grupo de estudo”, afirma o estudante.

Ele ressalta ainda que cada ponto faz uma grande diferença nessa competição e pode ser decisivo. Gabriel, por exemplo, ficou a apenas dois pontos de conquistar a medalha de ouro, enquanto Luan ficou muito próximo da prata, e Matheus quase alcançou o bronze. “No meu caso, durante a segunda questão do segundo dia, consegui resolver a parte mais complicada do problema. No entanto, precisava fornecer alguns exemplos, mas acabei esquecendo de incluí-los. Com isso, perdi três pontos nessa questão, o que me deixou a apenas dois pontos da medalha de ouro”, detalha Gabriel.

Para o professor do ICMC Ali Tahzibi, responsável pelo grupo de extensão, a conquista coloca o Nemo em uma posição comparável às das melhores universidades do mundo. Ele enfatizou que, do ponto de vista institucional, essa visibilidade internacional é uma excelente forma de reconhecimento, elevando o nome da USP e do instituto no cenário global. Além disso, competições como o IMC abrem portas para estágios em empresas que valorizam um perfil matemático. “Resolver problemas de olimpíadas é uma experiência envolvente, que combina criatividade e diversão, engajando os estudantes de maneira única, diferente das avaliações tradicionais. Isso não apenas fortalece o conhecimento teórico das disciplinas, mas também pode ser fundamental na solução de problemas de pesquisa”, explica o professor.

Quatro estudantes seguram a bandeira do Brasil em frente ao America for Bulgaria Student Center
Na competição realizada na Bulgária, o grupo Nemo conquistou três medalhas – Foto: Divulgação Nemo (ICMC/USP)

Preparação

Esta é a segunda vez que o Nemo participa presencialmente da International Mathematics Competition. Em 2021 e 2022, devido à pandemia de covid-19, a equipe competiu de forma on-line. Em 2022, conquistaram uma medalha de ouro, duas de prata e quatro de bronze. Em 2023, Arthur se destacou ao garantir uma medalha de prata.

De acordo com o professor, a trajetória do Nemo ganhou força após a pandemia, com a formação sistemática e o treinamento contínuo dos alunos. “Antes da pandemia, nossa participação era tímida, mas desde 2022 os alunos têm se dedicado de forma organizada, com reuniões semanais e uma lista de exercícios que reforçam tanto o aprendizado das disciplinas regulares quanto o preparo para competições de alto nível”, destaca Tahzibi.

Além das reuniões semanais, o grupo também conta com uma comunidade ativa de mais de 60 participantes no WhatsApp, onde trocam conhecimentos e discutem problemas matemáticos. No entanto, apenas os alunos mais preparados e engajados têm a oportunidade de representar o Nemo em competições internacionais. “Por conta das restrições econômicas, nós levamos em conta o desempenho dos alunos em competições nacionais, como a Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM). Nosso aluno Arthur Queiroz, por exemplo, gabaritou essa prova”, revela o professor.

Para viabilizar a participação dos estudantes na competição internacional realizada na Bulgária, o grupo contou com o apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI), por meio de um edital de apoio para olimpíadas internacionais, e com a colaboração do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI). O próximo desafio do Nemo é ampliar esse sucesso, institucionalizando as práticas e assegurando que um número ainda maior de alunos tenha a oportunidade de se destacar em competições de matemática. Além disso, o núcleo pretende expandir suas atividades para escolas de São Carlos e criar um núcleo olímpico dedicado ao treinamento de estudantes do Ensino Médio.

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* Da Assessoria de Comunicação do ICMC 


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