Atualizado 16/11/2016, às 14h14
As Congregações da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP optaram por suspender, em caráter experimental, a aplicação da prova de habilidade específica como forma de ingresso, em 2017, nos seus cursos de graduação.
A suspensão foi adotada para que as unidades pudessem aderir ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que utiliza como critério a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) realizado pelo Ministério da Educação.
Na votação da FAU, que ocorreu dia 30 de junho, foram 24 votos a favor, 1 contra e 3 abstenções. A unidade reservará 30% das vagas em cada um dos cursos para alunos oriundos de escola pública – sendo metade para pessoas autodeclaradas pretas, pardas ou indígenas. No vestibular 2016, a faculdade ofereceu 150 vagas para Arquitetura e Urbanismo e 40 para Design.
No IAU, em São Carlos, as vagas do Sisu serão destinadas na mesma proporção adotada pela FAU. Segundo o diretor do IAU, Miguel Antônio Buzzar, a decisão de suspender a prova específica por um ano e aderir ao Sisu foi aprovada por ampla maioria, com apenas uma abstenção, na reunião da Congregação do dia 1º de julho. O Instituto oferece 45 vagas em período integral para o curso de Arquitetura e Urbanismo.
Restrição
Nem todos os cursos de graduação podem utilizar o Sisu como processo de seleção de vagas. A restrição consta na Portaria Normativa nº 21, de 5 de novembro de 2012, do Ministério da Educação, que traz no capítulo dois informações sobre “Adesão das instituições públicas e gratuitas de ensino superior”.
Segundo a portaria, “não poderão ser oferecidas por meio do Sisu vagas em cursos que exijam teste de habilidade específica e na modalidade de ensino a distância (EAD)”, já que o Enem não realiza esse tipo de avaliação. Esse é caso dos cursos de Artes Cênicas, Música, Audiovisual, Design, Artes Visuais e Arquitetura e Urbanismo.
Por esse motivo, a FAU, o IAU e a Escola de Comunicações e Artes (ECA), todos da USP, não participaram do Sisu no ano passado. A ECA possui apenas quatro cursos que exigem provas de habilidades específicas na escolha dos candidatos – Audiovisual, Artes Cênicas, Artes Visuais e Música. Para 2017, a unidade já anunciou que os cursos de Biblioteconomia, Publicidade e Propaganda, Jornalismo, Relações Públicas, Educomunicação, Editoração e Turismo terão vagas selecionadas pelo Sisu.
Discussões internas
A diretoria da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo divulgou uma nota à imprensa em que confirma a alteração no processo de seleção, mas que, no momento, não comentará sobre o assunto.
A professora da FAU Raquel Rolnik se manifestou pelo seu blog e redes sociais sobre a suspensão da prova de habilidade específica e disse que, até maio do ano que vem, serão realizadas discussões internas sobre a prova e sua relação com o projeto político-pedagógico da FAU.
“Portanto, o tema ainda será aprofundado, tanto quanto à necessidade de democratizar o acesso à faculdade, promovendo ações afirmativas para grupos historicamente marginalizados, como com relação ao próprio currículo da FAU e seu projeto político-pedagógico. A faculdade se comprometeu também em continuar debatendo o tema tanto internamente como com o conjunto da Universidade. Já está marcada para agosto uma reunião extraordinária da Congregação, na qual serão discutidas outras propostas e iniciativas relacionadas às cotas que estão sendo apresentadas e discutidas na USP”, escreveu a professora.
Até 2016, os estudantes que prestavam vestibular para os cursos de graduação da FAU realizavam as provas da primeira e da segunda fase da Fuvest e, após aprovação, eram submetidos a testes no campo do desenho e da representação espacial. Essas provas incluíam Geometria Bidimensional I, Bidimensional II – Arquitetura e Urbanismo, Bidimensional II – Design e Tridimensional.
O Instituto de Arquitetura e Urbanismo, da USP em São Carlos, também se comprometeu a estabelecer, até o primeiro semestre de 2017, uma solução para a questão, por meio de discussões sobre a prova e sua relação com o projeto político pedagógico do curso.
Conselho Universitário
A decisão da Congregação da FAU e do IAU de suspender a prova de habilidades e aderir ao Sisu ainda precisa ser aprovada no Conselho Universitário (Co), órgão máximo da USP, responsável por definir as principais diretrizes da Universidade.
Além do reitor, do vice-reitor e dos pró-reitores, integram o conselho diretores e representantes da Congregação de todas as unidades, a Controladoria Geral e também representantes de docentes, discentes, servidores e de categorias diversas, como museus, antigos alunos e a Fapesp.
No último dia 28 de junho, foi cancelada reunião do Conselho Universitário na qual seriam confirmadas as vagas nos cursos de graduação da USP para ingresso via Sisu e Fuvest. Segundo a Assessoria de Imprensa da USP, o adiamento da reunião se deu porque algumas unidades ainda estão discutindo o tema, e uma nova data será divulgada oportunamente.