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Encontrar uma instituição social e não governamental. Analisar possíveis problemas ou oportunidades de melhoria. Compreender as necessidades da ONG. Propor e implementar soluções. Esse é o passo a passo do projeto Pesc para ajudar diferentes entidades a melhorarem seus serviços.
O Programa de Extensão de Serviços à Comunidade surgiu na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, em São Paulo, no ano de 2001, com a proposta de aproximar os alunos das experiências práticas de impacto social. Hoje, seu alcance se expandiu e é aberto para estudantes de toda a USP, sendo um dos maiores e mais antigos projetos de extensão da FEA.
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Os universitários selecionados para participar escolhem, em grupos de cinco, uma ONG que gostariam de auxiliar. Eles utilizam conceitos de administração, economia, contabilidade, empreendedorismo social e marketing, dentre outros, e trabalham durante um ano nos problemas identificados.
Nesse período, são auxiliados por um tutor, aluno de mestrado ou doutorado, e supervisionados por professores coordenadores.
A ideia é que os estudantes ofereçam soluções que possibilitem que as ONGs não precisem mais da ajuda dos grupos ao final do programa. “Não é um programa assistencialista”, explica Maria Cecília Goes, gestora do projeto. “A intenção não é de que os alunos sejam voluntários nas ONGs e, sim, que otimizem a parte operacional.”
Para um dos professores coordenadores do projeto, Carlos Alberto Pereira, o Pesc gera aos estudantes o contato com uma realidade social que, muitas vezes, pode ser diferente da sua. “Também é uma oportunidade de colocar em prática o que aprende na teoria e de desenvolver pesquisas ligadas aos temas dos projetos. É uma maneira de aprender fazendo, de forma útil para a sociedade, e de retribuir parte do investimento público que foi feito na formação dele na USP.”
Nos 17 anos de projeto, foram atendidas as mais diversas instituições, desde cursinhos populares e projetos sociais em comunidades carentes até ONGs mais conhecidas e consolidadas, como a Casa do Zezinho e a Teto Brasil. O programa privilegia o atendimento de entidades da cidade de São Paulo, assim os universitários podem realizar um acompanhamento mais próximo.
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Economia solidária
O professor Pereira destaca que um dos casos mais marcantes da participação do Pesc foi com o projeto Associação Minha Rua Minha Casa, ligado à Organização de Auxílio Fraterno (OAF). A instituição era uma das responsáveis pela Feira de Trocas Solidárias do Centro de São Paulo, um espaço para organizar e tornar permanentes as trocas de mercadorias, serviços e saberes para o desenvolvimento de uma comunidade local.
Além de participar do comitê gestor da feira, grupos de universitários do Pesc desenvolveram cursos para capacitação de microempreendedores solidários e um manual para replicar o que foi realizado ali em outros locais.
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Segundo o professor, havia uma moeda interna, chamada “miruca”, que era usada em todas as compras e vendas dentro da feira. Para fortalecer o sistema e controlar a inflação, foi criado o Banco de Trocas Solidárias, uma espécie de Banco Central para recolher as mirucas, com juros e remuneração.
O banco fornecia microcrédito e orientava empreendimentos econômicos solidários formados por pessoas em situação de rua. “Quem não tinha mirucas podia ajudar, por exemplo, na organização da feira, e as recebia como pagamento, de forma a promover a inclusão social dessas pessoas na comunidade”, conta Pereira.
Ele ressalta que o trabalho realizado pelo Pesc é importante para aproximar e fortalecer a imagem de responsabilidade social que a USP tem. “Se o conhecimento desenvolvido aqui, por meio da pesquisa e do ensino, ficar preso dentro dos muros da Universidade, ele não tem impacto social. As atividades de extensão são uma maneira de levar esse conhecimento para as comunidades.”