Nos últimos anos, foi possível observar o avanço humano em diferentes áreas, como no setor tecnológico, nas produções artísticas e no campo social. Contudo, apesar das diferentes evoluções sofridas pela humanidade, nota-se que um sentimento acompanha as gerações ao longo dos séculos: a nostalgia.
Apesar de parecer não ter explicação, esse sentimento está diretamente ligado a diferentes sensações que são experimentadas ao longo da vida dos indivíduos. Leila Tardivo, professora do Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de São Paulo, avalia que a nostalgia está diretamente ligada à ideia de saudade e de momentos passados — como dias e situações marcantes que são relembrados por meio de músicas, lugares ou pessoas.
Saudade
A especialista explica que a nostalgia não precisa ser apresentada como uma patologia, já que só faz mal quando a pessoa que apresenta esse sentimento não é capaz de viver o hoje. “Em geral, as pessoas são nostálgicas de situações e momentos bons”, afirma Leila.
Idosos costumam relatar o sentimento de nostalgia com mais frequência, por exemplo, uma vez que já viveram e passaram por diferentes situações. Com isso, Leila avalia que esse fator não é um sintoma de sofrimento psíquico, sendo possível diferenciar essas sensações a partir da avaliação comportamental do sujeito, dessa forma, é importante que a pessoa consiga viver os prazeres atuais — mesmo que a saudade do passado e as memórias vivenciadas apareçam em alguns momentos.
Em espanhol, a palavra nostalgia apresenta um significado semelhante ao de saudade, apesar de a segunda apresentar um sentido mais amplo em português, já que é comum a associação entre nostalgia e um sentimento de tristeza e melancolia. “A palavra tem esse toque de sentir falta daquele momento, mas que pode vir com um colorido bonito”, comenta a especialista.
Ramificações
Ter memórias para recordar e lembrar de momentos especiais, portanto, é importante e faz parte da vida humana. Contudo, é necessário que esses momentos não impeçam a ocorrência do presente, sendo interessante que a memória possa enriquecer as experiências que estão sendo vivenciadas atualmente.
“Eu acho que só é negativo quando ela traz um impedimento, quando a pessoa não consegue viver o que nós temos, que é um presente enriquecido por experiências de vida”, adiciona a professora. Dessa forma, é importante que os indivíduos compreendam que mudanças irão acontecer e com estas será possível observar ganhos e perdas.
Por fim, a especialista comenta que a presença desse sentimento pode ser uma oportunidade de apreciação de elementos do passado que foram importantes para a construção do presente. “A memória que traz crescimento é essa que faz bem. Sendo também importante para a saúde mental”, discorre Leila.
*Estagiária sob supervisão de Paulo Capuzzo e Cinderela Caldeira
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