Preocupação com emissão de gases poluentes leva ao estudo de novos modelos de aeronaves

Jorge Eduardo Leal Medeiros explica as possíveis mudanças nas aeronaves e as dificuldades para implementação dos novos modelos estudados

 18/09/2023 - Publicado há 1 ano
Desde que os jatos começaram a voar, no final da década de 1940, não houve uma mudança significativa nos projetos de aviões -Foto: Wecstock / Freepik

 

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Novos modelos de avião são pesquisados para redução de gasto de combustível e mais sustentabilidade. Jorge Eduardo Leal Medeiros, professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da USP, discorre sobre as possíveis mudanças nos aviões e as alternativas para solucionar os problemas da emissão de gases poluentes.  

Medeiros explica que, desde que os jatos começaram a voar, no final da década de 1940, não houve uma mudança significativa nos projetos de aviões. “Desde essa época, até antes, os aviões tinham motores nas asas, ou na fuselagem, a parte do tubo, onde se colocavam os passageiros, e as asas estavam presas ‘em balanço’ na fuselagem do avião” comenta. 

Jorge Eduardo Leal Medeiros – Foto: Arquivo Pessoal

Na atualidade, uma das principais preocupações é com as emissões de gás carbônico, que leva os especialistas a pensarem em novos modelos de aeronaves. A maior parte da liberação de carbono é proveniente dos veículos terrestres, que já conseguiram encontrar alternativas, com a fabricação de carros elétricos. Entretanto, no caso de aviões, já existem estudos para viabilizar a produção de modais elétricos, mas, de acordo com o professor, esse é um cenário que está longe de ser alcançado. 

Todavia, existem alternativas para contornar esse cenário enquanto as aeronaves elétricas não são fabricadas. A primeira, segundo o professor, é a construção de uma asa treliçada, que está sendo testada pela Escola de Engenharia da USP em São Carlos. “Ela tem uma estrutura maior, quase como se fossem duas asas, como as aeronaves eram antigamente, que permite uma maior eficiência. Essa asa treliçada permite uma redução no consumo de combustível de 10% a 15%”, esclarece o especialista.

A outra alternativa é a mudança na forma do avião. “Hoje em dia, a estrutura que dá sustentação para o avião é a asa, mas estamos pensando em realizar uma fuselagem que, ao invés de cilíndrica, tem o formato, aproximadamente, de uma asa voadora. Isso permite que a sustentação seja deslocada por toda a asa, fuselagem e equilibre os pesos, que não estão mais concentrados no cilindro ou nos motores” explica Medeiros. Esse projeto permite uma maior eficiência estrutural e aerodinâmica melhor, que gera um menor consumo de combustível, entre 20% a 50%. 

Dificuldades para mudanças 

Um aspecto que não pode deixar de ser pensado na hora de fabricar novas aeronaves é se os aeroportos conseguirão comportá-las, uma vez que esses locais foram pensados para os aviões que já existem, então, os novos não podem ser muito diferentes. Já existem limitações, por exemplo, no momento em que os aviões param na frente dos terminais. “A infraestrutura disponível precisa atender aos novos aviões, ou as novas aeronaves precisam se adaptar a ela”, aponta o professor. 

Outra questão importante é o formato da fuselagem. Na visão do especialista, construir uma fuselagem pressurizada redonda é mais fácil do que construir uma estrutura que não tenha esse formato. “Caso seja implementada uma tecnologia de propulsão de hidrogênio, por exemplo, o formato cilíndrico permite uma melhor adaptação”, comenta Medeiros. Portanto, novos formatos de fuselagem exigirão estudos e investimentos especiais. 

Novos combustíveis 

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Já existem alternativas para contornar o problema da emissão de gases poluentes, além do desenvolvimento de novos modelos aeronáuticos e um possível modelo elétrico. O sustainable aviation fuel (SAF), um combustível sustentável para a aviação, é uma opção comentada por Medeiros. Entretanto, tal alternativa custa quatro a cinco vezes mais que o combustível normal, sendo o custo com combustível no Brasil cerca de 40% do custo do voo. 

Existe a possibilidade, também, do uso de combustíveis alternativos, como o hidrogênio. Segundo o professor, ele pode ser injetado diretamente nas turbinas ou pode fazer funcionar um motor elétrico, que gera energia. A previsão, para Medeiros, é que, daqui 50 anos, mais ou menos, tenhamos aviões muito diferentes e mais eficientes do que os atuais.


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