O fenômeno do aumento de casos da covid-19 é visto em diferentes partes do mundo, mas de forma desigual – Foto: sns.gov.pt

Nova onda da covid-19 requer cuidados preventivos e aguarda decisão sobre vacina bivalente

Segundo Esper Kallás, essa nova onda segue padrões já vistos na Europa e nos EUA e a tendência é de um aumento de casos seguido pela sua consequente queda

 16/11/2022 - Publicado há 2 anos

Texto: Redação

Arte: Simone Gomes

A nova onda da covid-19 chegou ao Brasil e está causando um grande aumento no número de casos e internações. “A nova onda da covid-19 seguiu, mais ou menos, o padrão que se viu na Europa e em alguns lugares nos Estados Unidos. Um ou dois meses atrás, começou esse aumento [de casos] acompanhado com o aumento também da necessidade de internações. Chegou ao pico cerca de um mês depois desse início e ela começou a cair”, comenta o professor Esper Kallás, do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP, que também é infectologista, coordenador do Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital das Clínicas da FMUSP.

Kallás explica que o fenômeno do aumento de casos da covid-19 é visto em diferentes partes do mundo, porém, de forma desigual. Entretanto, o professor ainda acrescenta: “Aparentemente [a nova onda da covid-19] segue algum padrão no aumento de casos e quedas. Se a gente seguir o mesmo que foi visto na Europa, imagino que a gente já deva estar se aproximando do pico e deva começar a ter uma queda mais próxima do Natal”.

Grupos de risco

“A maioria dos casos que a gente tem visto durante essa onda são formas leves da doença: a pessoa chega com nariz escorrendo, às vezes tem um pouco de febre no primeiro dia, dor no corpo. Os sintomas acabam melhorando entre cinco e sete dias depois, a pessoa já fica bem melhor”, analisa Kallás. 

Por mais que a maioria dos casos não seja grave, os mais vulneráveis continuam sendo o grupo de risco. Dentre eles estão aquelas pessoas com outras doenças e com idade mais avançada. Por conta do sistema imunológico dessas pessoas estarem mais comprometidos, o professor faz algumas recomendações: “Hoje está recomendado fazer a vacinação com cinco doses de pessoas que têm o seu sistema imune comprometido, para a gente tentar compensar, de alguma maneira, essa fragilidade”.

Esper Kallas - Foto: Reprodução

Quanto ao restante, ele adiciona: “O ideal seriam, no mínimo, três doses. Isso porque, embora a gente saiba que a chance da doença ser grave numa pessoa, por exemplo, jovem, saudável, ser pequena, não é impossível. A gente reforça a necessidade de fazer a terceira dose porque, com o tempo notou-se, que a defesa vai diminuindo”.

Vacinas de segunda geração

As vacinas bivalentes, também conhecidas como vacinas de segunda geração, acrescentam a variante ômicron na equação da imunização. “Fizeram como se fossem duas vacinas em uma só. O interesse disso é você estimular uma resposta contra essa variante, que praticamente dominou a pandemia hoje”, pontua Kallás.

O professor comenta que não é possível fazer um estudo sobre a eficácia dessas vacinas na sociedade, porém, uma avaliação da capacidade de defesa contra a ômicron em laboratório mostra que elas são eficazes.

No Brasil, a liberação das vacinas de segunda geração depende da Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. “A discussão aqui no Brasil em relação a isso continua atrasada. A gente não tem um esforço significativo de tentar incorporar essas vacinas: primeiro, por conta da transmissão administrativa, depois da eleição, as coisas mudaram bastante o foco das discussões; segundo, pela diminuição da pandemia que aconteceu nos últimos meses, aí a urgência sobre esse assunto também diminuiu; e, terceiro, por causa do custo que essas vacinas vão trazer”, analisa Kallás.

Mesmo assim, o professor ressalta: “Essas coisas precisam ser levadas em consideração, mas avançar na discussão não custa nada. Eu acho que caberia à gente enfrentar esse assunto com mais profundidade“.


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