Na coluna Conflito e Diálogo desta semana, Marília Fiorillo discute a situação em Myanmar, que tem se agravado a cada dia. Até o momento, mais de 520 civis foram assassinados pelas forças de segurança do país. Na rede televisiva estatal da região, a população é aconselhada a ficar em casa e avisada sobre o risco de sair na rua e ser alvejada por tiros na cabeça ou nas costas.
Segundo a colunista, as manifestações, que começaram pacificamente em fevereiro deste ano, se tornaram um banho de sangue. Civis estão sendo assassinados, mesmo aqueles não participantes de atos reivindicando a democracia e a suspensão da ditadura. Os pertencentes à etnia karen tentam refúgio na Tailândia, mas estão sendo expulsos e obrigados a se alojar em cavernas na fronteira. “Embora seja duvidoso chamar de democrático o regime anterior, já que Aung San Suu Kyi nunca deixou de ser tutelada pelos militares e patrocinou uma limpeza étnica, os horrores recentes confirmam o que sempre foi a vocação dos militares birmaneses: atirar para matar.”
Marília informa que os Estados Unidos retiraram sua equipe diplomática, sinal de que a situação deve se deteriorar. A China, única voz cujas sanções teriam peso, mantém-se impassível. O mundo está muito ocupado com a catástrofe da pandemia e o morticínio na Birmânia fica em segundo plano. “O secretário de Estado norte-americano classificou a situação como ‘repreensível’. Repreensível? A TV estatal, controlada pelos militares, repete diariamente o seguinte aviso: ‘Não saia de casa, pois pode levar um tiro na cabeça ou pelas costas’. Nada muda sob o sol, já se dizia”, finaliza.
Conflito e Diálogo
A coluna Conflito e Diálogo, com a professora Marília Fiorillo, vai ao ar quinzenalmente sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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