É com muita tristeza que Carlos Eduardo Lins da Silva vê o recente anúncio do fim das atividades do jornal Agora, do Grupo Folha de S. Paulo. “Primeiro, porque é mais um veículo que deixa de circular, o que significa provavelmente mais desemprego, menos diversidade na mídia em geral, mas principalmente porque é o fim, pelo menos em São Paulo, de um gênero bastante importante na história do Brasil, que era representado pelos chamados jornais vespertinos”, explica Lins da Silva ao comentar a importância que esse tipo de publicação teve para o jornalismo nacional.
“Os jornais que circulavam à tarde tinham tradicionalmente uma abordagem mais de serviço e popular, para atender a um público de classe média baixa e um pouco do operariado especializado.” Entre os anos 60 e 70, circulava em São Paulo uma grande variedade desses jornais, como o Jornal da Tarde, que deixou de existir em 2012, o Diário Popular, que deixou de circular no começo de 2013, e o Diário da Noite, que fechou ainda nos anos 70, eram veículos de grande audiência e qualidade que também sofreram o mesmo destino que o Agora. “O Agora era o último desse grupo de veículos diários bastante importantes na história do País e da imprensa”, afirma Lins da Silva.
O jornal Agora é o sucessor direto do Folha da Tarde, que mudou de nome em 1999, mantendo muitas de suas tradições. O Agora cobria assuntos como aposentadoria e a situação das escolas públicas nos bairros que não eram os centrais, chegando até mesmo a ter um detento colunista, ou seja, um colunista na Casa de Detenção. “Era um jornal que fazia coisas que eram realmente importantes para o seu público, em termos de serviço, de vigilância dos poderes públicos, principalmente o poder municipal, mas também o estadual. É lamentável que o jornal tenha deixado de circular”, comenta o colunista.
Horizontes do Jornalismo
A coluna Horizontes do Jornalismo, com o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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