Reunir a família em torno da mesa para compartilhar refeições, seja em ocasiões especiais ou no cotidiano, não apenas fortalece os laços familiares, mas também pode ter impactos positivos na saúde. A comensalidade, entendida como a prática de “comer coletivamente” ou “comer junto”, é uma dimensão humana fundamental.
Esse hábito remonta à pré-história, quando hominídeos se reuniam ao redor de fogueiras para compartilhar alimentos. A própria palavra “comensalidade” tem origem em mensa, termo em latim que significa mesa. Portanto, ao falar de comensalidade, referimo-nos à interação social durante as refeições, envolvendo o compartilhamento daquilo que é consumido. Esse convívio à mesa representa uma característica intrinsecamente humana de interação e integração na sociedade.
Para Patrícia Jaime, professora do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP e coordenadora acadêmica da Cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis, “a ideia de comensalidade é importante porque ela traz um aspecto crucial da alimentação, que é o como comemos. É comum falarmos sobre o que comemos, mas temos dado pouca atenção aos modos de comer”.
O Guia Alimentar para a População Brasileira destaca-se ao abordar esse tema de maneira pioneira. Ele apresenta três orientações fundamentais: comer com regularidade e atenção, escolher ambientes apropriados e compartilhar as refeições em companhia — todas interligadas ao conceito de comensalidade.
Convívio e saúde
Na atualidade, é bastante frequente a presença de distrações durante as refeições, como televisores e celulares, quando há tempo para uma refeição adequada. É comum consumir alimentos rapidamente diante de uma tela, sem dedicar a devida atenção ao que estamos ingerindo ou às pessoas ao nosso redor.
Para Patrícia, esse modo de comer pode acarretar consequências negativas para a saúde. “As ramificações dessas transformações são diversas. Ao ingerirmos rapidamente, corremos o risco de consumir mais do que o necessário, uma vez que o organismo leva um tempo para nos proporcionar a sensação de saciedade. Além disso, a mastigação reduzida dificulta a digestão”, destaca a professora.
Segundo a nutricionista, compartilhar a refeição pode ter um impacto significativo no cotidiano de uma pessoa. “Comer diante da TV, escolhendo alimentos de fácil consumo no sofá, é completamente distinto de quando nos alimentamos em companhia, à mesa, de preferência após preparar a receita com um parceiro ou com a família”, explica.
*Estagiário sob supervisão de Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo
Boletim Alimentação e Sustentabilidade
Parceria: Cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis, Rádio USP e Jornal da USP
Produção: Professor Ricardo Abramovay, Estela Sanseverino e Nadine Marques
Coprodução: Cinderela Caldeira, J. Perossi e Felipe Bueno
Edição: Rádio USP
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