Alunos da Faculdade de Medicina realizam expedição humanitária de saúde no RS

Pedro Docema conta que projeto Bandeira Científica renasceu em 2023, contribuindo com ações práticas de saúde para diferentes populações brasileiras

 02/08/2024 - Publicado há 4 meses

Da Redação

Arte: Joyce Tenório*

Projeto Bandeira Científica – Foto: André François/ImageMagica

O projeto Bandeira Científica, da Faculdade de Medicina da USP, realizou uma expedição humanitária de saúde no Rio Grande do Sul, em parceria com a Cruz Vermelha Brasileira e com a ONG Xingu+Catu. A iniciativa fez mais de 400 atendimentos em comunidades indígenas e quilombolas afetadas pelas chuvas do Estado, oferecendo atendimento médico gratuito a diversas localidades.

Pedro Docema, presidente executivo do projeto Bandeira Científica e aluno da Faculdade de Medicina da USP, comenta o projeto e a experiência de ter participado. Sobre as populações atendidas, ele conta: “Atendemos comunidades ainda mais negligenciadas depois da catástrofe. Muitas não foram atingidas diretamente pela água, mas elas foram atingidas pelo descaso. O poder público e o privado estão focados em reconstruir os centros urbanos e é claro que essas comunidades ficam um pouco mais negligenciadas do que já são”.

Projeto Bandeira Científica - Foto: André François/ImageMagica

Trajetória do projeto

O projeto nasceu em 1957, quando foi fundado como projeto de extensão da Faculdade de Medicina, que fazia expedições de saúde para o interior do Brasil. Naquela época, o foco era pesquisa epidemiológica, entendendo a situação de saúde da população, mas foi desativado em 1969. Em 1998, o Bandeira Científica volta e passa a incluir a assistência, que é de fato atender diretamente à população. Ele cresce e se torna, por um tempo, o maior projeto da Universidade de São Paulo, chegando a 300 alunos de mais de dez cursos diferentes.

Com a pandemia, a atividade foi desativada. No entanto, no ano passado, Docema se juntou com amigos da graduação e decidiram refundar o projeto. Além da grande expedição que é feita pelo Bandeira tradicionalmente em dezembro (neste ano será para Iguapé e Ilha Comprida, no litoral sul do Estado de São Paulo), eles decidiram que seria útil fazer expedições menores ao longo do ano. Atuando em parceria com instituições e ONGs, as expedições do Bandeira são focadas na extensão universitária, no sentido de aplicar diretamente na comunidade o conhecimento do curso.

Em vista da catástrofe do Rio Grande do Sul, eles estabeleceram uma parceria com a Cruz Vermelha e com a ONG Xingu+Catu, criada, inclusive, por um antigo aluno da Faculdade de Medicina. Foram quase 40 pessoas e duas semanas de trabalho dos alunos da USP que, com a ajuda logística das outras organizações, conseguiram atender a essas comunidades frequentemente ignoradas. Foram 449 atendimentos no total.

Pedro Docema - Foto: Linkedin

Situação do Sul

Docema conta que, ao cruzarem o centro de Porto Alegre, um dos alunos comentou com certa surpresa como a Arena do Grêmio ficava do lado de um lixão. O morador local que conduzia o grupo rebateu, afirmando que o “lixão” na verdade era uma comunidade que foi arrastada, e que a pilha de rejeitos eram destroços recolhidos da tragédia.

O caso é representativo da situação precária em que a região se encontra. Docema acrescenta que muitas das comunidades atendidas por eles por vezes nem foram diretamente atingidas pelas chuvas, mas se em tempos normais elas já eram negligenciadas, em uma calamidade são praticamente esquecidas. Sobre as doenças, ele explica o que encontraram: “Bastante geca [gastroenterocolite aguda, uma inflamação gastrointestinal], muitas infecções fecais, que estão muito relacionadas ao problema de saneamento, o que a catástrofe com certeza agrava”.

Além disso, Docema comenta que cada aldeia tinha suas particularidades médicas e sanitárias. ”Por exemplo, tinha uma comunidade em que a maioria das pessoas de uma das famílias tinha problema visual e, por sorte, tínhamos conosco um retinógrafo, um exame de fenda de olho, e um tonômetro, que são aparelhos importantes de oftalmologia, e conseguimos fazer os exames”, conta. Esse trabalho auxilia e adianta o trabalho dos agentes comunitários de saúde locais, fornecendo um cuidado especializado que, em outras condições, talvez fosse de difícil acesso para as comunidades.


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